quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cuts you up



Cuts You Up

I find you in the morning
After dreams of distant signs
You pour yourself over me
Like the sun through the blinds
You lift me up
And get me out
Keep me walking
But never shout
Hold the secret close
I hear you say

You know the way
It throws about
It takes you in
And spits you out
It spits you out
When you desire
To conquer it
To feel you're higher
To follow it
You must be clean
With mistakes
That you do mean
Move the heart
Switch the pace
Look for what seems out of place

On and on it goes
Calling like a distant wind
Through the zero hour we'll walk
Cut the thick and break the thin
No sound to break no moment clear
When all the doubts are crystal clear
Crashing hard into the secret wind

You know the way
It twists and turns
Changing colour
Spinning yarns
You know the way
It leaves you dry
It cuts you up
It takes you high
You know the way
It's painted gold
Is it honey
Is it gold
You know the way
It throws about
It takes you in
And spits you out
You know the way
It throws about
It takes you in
And spits you out
It spits you out
When you desire
To conquer it
To feel you're higher
To follow it
You must be clean
With mistakes
That you do mean
Move the heart
Switch the pace
Look for what
Seems out of place

It's o.k.
It goes this way
The line is thin
It twists away
Cuts you up
It throws about
Keep me walking
But never shout.
 

Lhe Prega Peças

Te encontrei pela manhã
Após sonhos de sinais distantes
Você se derrama sobre mim
Como o sol através das persianas
Você me levanta
E me leva para fora
Mantém-me andando
Mas nunca grita
Guarda o segredo consigo
Lhe ouço dizer

Você sabe o caminho
Que se apresenta
Leva você para dentro
E lhe cospe para fora
Cospe você para fora
Quando você deseja
Para conquistá-lo
Sentir que você é maior
Para segui-lo
Você deve estar limpo
Com erros
Que você intencionava fazer
Mova o coração
Mude o passo
Procure pelo que parece fora do lugar

E assim vai
Chamando como um vento distante
Na hora decisiva andaremos
Para atravessar ferro e fogo
Sem som para quebrar, sem momento certo
Quando todas as dúvidas estiverem claras como cristal
Batendo de frente contra o vento secreto

Você sabe o caminho
Ele se vira e volta
Mudando cores
Fiando meadas
Você sabe como
Ele lhe deixa seco
Ele lhe prega peças
E lhe leva mais alto
Você sabe como
Ele é pintado de ouro
Será mel?
Será ouro?
Você sabe o caminho
Que se apresenta
Leva você para dentro
E lhe cospe para fora
Você sabe o caminho
Que se apresenta
Leva você para dentro
E lhe cospe para fora
Cospe você para fora
Quando você deseja
Para conquistá-lo
Sentir que você é maior
Para segui-lo
Você deve estar limpo
Com erros
Que você intencionava fazer
Mova o coração
Mude o passo
Procure pelo que
Parece fora do lugar

Tudo bem
É desse jeito
A linha é fina
E se desvia pra longe
Lhe prega peças
É como se lança
Mantenha-me andando
Mas nunca grite


 

Minha pintura


Antes ficava do lado de fora, olhando para a pintura do olhar triste e vazio daquela mulher em meu corredor.
Hoje sinto como se fosse a própria imagem dela, presa, estática dentro deste quadro.
Dias e noites velando uma dor sem fim.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Vazio


Sabe aqueles dias que você acorda com um sentimento de vazio absoluts...pois bem, todas as manhãs ao abrir meus olhos sinto isso dentro de mim.
E as noites também não são diferentes.
Parece sempre que falta algo a ser completado.
Minha vida se parece com um livro velho, amarelado pelo tempo, incompleto que ao virar páginas, faltam algumas e me parece que várias delas estão em branco.
Estudos, ginástica, cigarros e drinks já não tem sido suficiente para completar lacunas.
Este vazio parece vir do coração, mas este já há muito que não bate, parece ter morrido.
O que me mantém viva é o conhecimento o qual tenho buscado diariamente para conseguir manter a esperança.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Sentimento do triste e belo francês



Votre âme est une paisage choisi
Que vont charmant masques et bergamasques
Jouant du luth et dansant et quasi
Triste sous leurs déguisement fantasques;

Tout en chantant sur le mode mineur
L'amour vainqueur et la vie opportune,
Ils n'ont pas l'air de croire à leur bonheur
Et leur chanson se mêle au clair de lune,

Au calme clair de lune triste et beau,
Quit fait rêver les oiseaux dans les arbres
Et sangloter d'extase les jets d'eaux,
Les grands jets d'eaux sveltes parmi les marbres.

(Poema de Verlaine)

O sentimento que quer se expressar neste belo poema remete-se ao triste e ao belo; o qual um misto de sonho e soluço extático face à hora difusa, banhada pelo clarão da lua.
Este sentimento não é referido diretamente - há apenas uma referência à interioridade ´"Votre âme" (Sua alma), ponto de partida de todo o poema e o "eu poético", enquanto manifestação de uma individualidade ausenta-se ou disfarça-se como os foliões"déguisements fantasques" (disfarces fantasiosos).
A expressão do estado de alma é sugerida pelo uso do símile: "votre âme est une paisage" (sua lama é uma paisagem) e a partir daí tem início o processo de prolongamento de emoção.
As danças, o alaúde, o luar,os pássaros, os chafarizes, os objetos do mundo concreto evocados no poema, não tem valor simbólico em si, se pensarmos no símbolo em sentido mais estrito, isto é uma coisa que representa outra. Estes elementos são evocados somente para que a emoção seja prolongada e reforçada e, portanto, tem o peso equivalente às cargas sonoras como no exemplo:
"Ils n'ont pas l'air de croire à leur bonheur" (Eles não tem ar ara acreditar em sua felicidade) e a aliteração com as sibilantes em "les oiseaux dans les marbres" (os pássaros dentro das árvores).
O resultado é a criação de uma imagem "fête galante" (festa galante, chique) de uma mascarada ao luar que se impregana de espiritualidade e que por sua vez, impregna também de espiritualidade os pássaros e os chafarizes.
Tudo isso não passa de um simulacro da alma que fala através da paisagem.
O somatório de imagens visuais e sonoras como que esvazia o poema de sentido, sem que, porém, a pintura da paisagem valha por sim mesma, porquanto a luminosidade sonora, na sinestesia tenha a capacidade de despertar no leitor uma lembrança difusa de algo inexprimível em si, algo que não poderia ser traduzido senão pela magia da palavra evocativa.
É esta capacidade sugestiva so símbolo que aproxima a poesia simbolista da música, a ponto de os poetas escreverem não só de artes poéticas, como também rechearem os seus textos de violinos, pianos, enfim de música.

Frase simbólica

Música é a arte sugestiva por excelência.

domingo, 18 de novembro de 2012

Antero de Quental

Socialismo e preocupação estética em Antero de Quental
Os sonetos, ímpares em língua portuguesa, são de uma justeza verbal que permite a expansão do tormento existencial sem qualquer excesso, à semelhança do que acontece com a lírica de Camões.
Textos enxutos, plenos, poemas que são verdadeiros monumentos da literatura em qualquer tempo. Apesar de tecnicamente impecáveis, nem por isso os poemas da Antero são frios, duros, muito pelo contrário: dentro deles forças contraditórias buscam lugar e expressão, resultando em contemplação, filosofia, transcendentalidade, dor e metafísica.
        Quatro décadas de pensamento romântico em Portugal (1825-1865) foram decisivamente abaladas, há mais de 120 anos, por alguns moços que ingressaram na Universidade de Coimbra pelos idos de 1860. Entre os que fizeram a virada do reinado do sentimentalismo contemplativo para a literatura de reflexão e de combate estava um jovem poeta, idealista, audacioso, Antero de Quental.
        Esse importante poeta português – a quem alguns colocam no mesmo patamar de Camões e Fernando Pessoa – é praticamente ignorado no Brasil. A rememoração de sua e de sua obra é a qualquer momento oportuna, tanto mais que não é difícil flagrar entre grupos de estudantes universitários quem pergunte: “Mas quem é mesmo esse tal de Antero?”.
        “Um gênio que era um santo”, disse dele Eça de Queirós, mas não cheguemos a tanto. Saibamos que Antero nasceu em Ponta Delgada, nos Açores, em 1842, e aí se suicidou em 1891, com dois tiros de pistola. Do nascimento à morte uma vida de retidão moral e de altitude intelectual que permitiu o surgimento de algumas das mais belas páginas da literatura em língua portuguesa. Isso explica a influência que exerceu no espírito dos moços de seu tempo. No in memoriam que os amigos lhe consagraram, manifestações de admiração ao poeta das Odes Modernas não faltaram – e das mais altas, das mais fundas. Guerra Junqueiro afirmou que nele havia em germe “um santo, um filósofo e um herói”.
        Vida breve a do bardo, apregoador dos novos tempos, e defensor de idéias socialistas e de dignificação da poesia como instrumento para levar à reflexão o povo português. Pertenceu a uma geração esplêndida, numa época das mais ricas em termos de poesia e de efervescência cultural, bafejada pelos ventos do Evolucionismo, do Socialismo e do Positivismo.
        Aos treze anos, o menino Antero, de formação tradicionalista, católica, abandona a ilha dos Açores e viaja para o continente. Ingressa, mais tarde, na Universidade de Coimbra e, circundado pelo vagalhão de novas idéias, recebe de pronto os seus impactos, tornando-se em pouco tempo o líder de toda uma geração.
        E é na condição de anunciador de novos tempos que se atira contra os ideais românticos. E mais ainda, atira-se feroz e implacavelmente contra o velho e cego poeta Antônio Feliciano de Castilho. Castilho, sem conseguir sintonizar com os novos ventos que sopravam, preferia refugiar-se na imitação dos greco-latinos, apegando-se ao formalismo vão. Defendia, portanto, essa forma de escrita, rebarbativa, que impingia à força do Romantismo uma poesia débil, oca, vazia. Tomado da convicção de que era inabalável o panteão dos antigos, Castilho desfiou carta elogiosa ao autor do lânguido “Poema da Mocidade”, Pinheiro Chagas, destacando a superioridade de seu “desleixo de espírito” sobre a “confusão de línguas, o temporal desfeito de safiras, de plásticas, de estéticas, de filosofias e transcendências” dos moços de Coimbra, citando, entre outros nomes, o de Antero de Quental como exemplo de falta de bom senso e de bom gosto.
Antero de Quental “quase desconhecido e, sobretudo desambicioso”, entre outras circunstâncias que pareceriam suficientes para o silenciar, revidou. O que estava sendo colocado em cheque, pela pena de Antero e pelo espírito inconformado dos alunos de Coimbra, era o conservantismo universitário, a assepsia, o mofo das produções românticas então em voga.
Oposição às doutrinas ultrapassadas: com apenas 23 anos de idade, Antero de Quental ateava fogo no conformismo e na monotonia do ultra-romantismo em Portugal, indignava-se, conclamava à verdade e à justiça e dizia que o que ofendia a estas duas damas eram as idéias mesquinhas que estavam por trás dos homens, o mal profundo “que as coisas apenas miseráveis representam”. Rechaçava Castilho. A este debate, que resultou em violentas cartas entre os dois contendores, e que envolveu mais tarde outros escritores – ora a favor de Antero; ora pedindo respeito à figura de Castilho – chamou-se de “Questão Coimbrã” ou “Questão do Bom Senso e do Bom Gosto”. A vitória ficou ao lado dos “revoltosos” liderados por Antero. Poderia ser diferente?
        Depois de formado, Antero retorna às ilhas. Doíam-lhe as suas aspirações sociais, o seu ideário socialista em contraponto com sua condição de proprietário. Viaja então para Paris, onde aprenderá o ofício de tipógrafo. Interessa-lhe entrar em contacto com a classe operária e seu cotidiano, exercer as suas idéias, pô-las em prática. Seis meses depois retorna, frustrado, doente, desiludido. Viaja novamente, dessa vez pela América. Retornando a Portugal, integra associações operárias e publica folhetos de propaganda socialista.
        Era preciso, no entanto, além da troca de farpas com o grupo de Castilho, outras manifestações para solidificar o grupo de Coimbra e seus ideais. Com esse intenso Antero se junta às reuniões do “Cenáculo”, em Lisboa, transformando a tertúlia em espaço para a discussão séria da literatura e dos problemas de Portugal, realizando conferências que pretendem apontar soluções. Dessa forma, iniciam-se em 1871, as “Conferências do Castilho Lisbonense”. Por meio das palestras no Cassino, busca-se acordar Portugal para a consciência de sua época, operando a necessária transformação social, política e moral que a Nação exigia. Mas não havia sectarismo nessa atividade social e cultural de Antero, tal era a sua bondade e lucidez quanto à essência e a natureza do socialismo – que para ele consistia na organização do trabalho em estrita dependência com a envergadura moral dos trabalhadores. “Sua bondade andava inquieta enquanto sua cólera trabalhava”, dirá Eça de Queirós a respeito de Antero.
        Mas sua ação política definitiva estava fadada ao malogro. Antero não conseguia unir a idéia fervilhante à atitude física capaz de concretizá-la plenamente. Era, no fundo, um espírito mais voltado às questões metafísicas, “queria o impossível, o exageradamente perfeito como idéia para ser concretizado como ação”. E o drama anteriano revolvia-se na bruma desse querer sem poder. O poeta, cessada a fúria da juventude e da paixão transformadora, debatia-se interiormente, construindo um texto onde metafísica e transcendentalismo estabeleciam morada.
O socialista desalojara o sentimentalismo em favor de uma poesia compromissada; o deísta profundo, à força das convicções de um apostolado social, dera as mãos ao materialista difuso. Essas forças contraditórias e a doença devassavam o seu íntimo.
        Deus estava perdido como verdade emocional que se consuma pela fé. Restava, pelo intelecto, tentar alcançá-lo na curva do caminho, mas o poeta sabia que isso era impossível e que já não havia como retroceder, voltar às certezas. O suicídio surgiu talvez como alento, como forma de pôr fim ao impasse. Ficou a sua poesia, entranha, filosófica, dramática, única, a emoção cedendo lugar ao pensamento. Mas a razão não foi suficiente para apaziguar o santo Antero.

TORMENTO DO IDEAL
Conheci a Beleza que não morre
E fiquei triste. Como quem da serra
Mais alta que haja, olhando aos pés a terra
E o mar, vê tudo, a maior nau ou torre,
Minguar, fundir-se, sob a luz que jorre;
Assim eu vi o mundo e o que ele encerra
Perder a cor, bem como a nuvem que erra
Ao pôr do sol e sobre o mar discorre.
Pedindo à forma, em vão, a idéia pura,
Tropeço, em sombras, na matéria dura,
E encontro a imperfeição de quanto existe.
Recebi o batismo dos poetas,
E assentado entre as formas incompletas,
Para sempre fiquei pálido e triste.
 
IDEAL
Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios e nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas lânguidas, divinas,
Da antiga Vênus de cintura estrita...  
Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortais entre ruínas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...
A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...  
É como uma miragem, que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do desejo...

SONETOS
 
“Não é lisonjeando o mau gosto e as péssimas idéias das maiorias, indo atrás delas, tomando por guia a ignorância e a vulgaridade, que se hão de produzir as idéias, as ciências, as crenças, os sentimentos de que a humanidade contemporânea precisa”
Antero de Quental

Conquista pois sozinho o teu futuro,
Já que os celestes guias te hão deixado,
Sobre uma terra ignota abandonado,
Homem – proscrito rei – mendigo escuro!
Se não tens que esperar do Céu (tão puro,
Mas tão cruel!) e o coração magoado
Sentes já de ilusões desenganado;
Ergue-te, então na majestade estóica
Duma vontade solitária e altiva,
Num esforço supremo de alma heróica!
Faze um templo dos muros da cadeia,
Pretendo a imensidade eterna e viva
No círculo de luz da tua Idéia!

O PALÁCIO DA AVENTURA
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura.
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!  
Abrem-se as portas d’ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão – e nada mais!

À VIRGEM SANTÍSSIMA
(Cheia de Graça, Mãe de Misericórdia)
Num sonho todo feito de incerteza,
De noturna e indizível ansiedade
É que eu vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...
Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade...
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na natureza...
Um místico sofrer... uma ventura
Feita só do perdão, só ternura
E da paz da nossa hora derradeira...
Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!

Desejos e possibilidades


Todo querer se origina da necessidade, portanto da carência do sofrimento.
A satisfação lhe põe um termo; mas para cada desejo satisfeito, dez permanecem insatisfeitos.
Além disso o desejo é duradouro, as exigências se prolongam no infinito; a insatisfação é curta e de medida escassa.
O contentamento finito, inclusive, é somente aparente: o desejo, satisfeito, imeiatamente dá lugar à outro; aquele já é uma ilusão conhecida. este ainda não.
Satisfação duradoura e permanente objeto algum do desejo pode fornecer.
É como um  caridade oferecida a um mendigo, a lhe garantir vida hoje e prolongar as misérias amanhã.
Enquanto nossa consciência é preenchida pela nossa vontade, enquanto submetidos à pressão dos desejos com sua esperança e temores, enquanto somos sujeitos do querer, não possuiremos bem-estar nem repouso permanentes.
"Se a realidade é ilusão, mera "representação", o homem acaba sofrendo no instante em que pretende chegar até ela, através do seu querer.
O decadente foi um ser refinado, de gostos excêntricos, cujos melhores representantes foram os "des esseintes", de a rebours (às avessas)  de Huysmans, qe despreza a ação e cultiva sensações extravagantes, o Axel do romance do mesmo de Villiers de L'Isle Adam, o Dorian Gray de Oscar Wilde, cuja destruição moral se dá através de estranhos refinamentos. o Harry Young, "O homem das fontes" de Antonio Patrício que idealiza abstrusas sintonias de águas e tardiamente, o von Aschembach de Morte em Veneza o oposto de sua alma  apolínea.


Saudades e tempo


                         "O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo..."

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Alguém da favela "Da Fazendinha" - 14/11/12



"Visão em chamas pela morte"

Meus olhos enxergam tudo e além
Mas em certos momentos da vida
Preferia estar na condição de cega.
Mas quão cega não sou infelizmente.
E quando minha visão enfadonha
Não consegue alcançar as dores alheias,
E quando meu coração fraco e antigo,
Enche-se de tantas dores.
Bate descompassadamente,
Lamentando-se pela minha incapacidade,
Tão vil e tão mortal que herdei
Da minha vaga existência.
Fecho minhas pálpebras
E deixo-me perder na escuridão
Ora da noite, ora de mim mesma.
Fico ali parada entre estilhaços,
Enquanto a fumaça preta inebria
Minhas vistas e adentra minha narinas.
Sufoco minha dor com mais dor.
E perco minhas poucas coisas materiais,
E perco minha moral, meus valores,
E perco minha própria vida.
Ali vejo meu teto cair
E deixo junto cair minha alma.
Como se fosse um anjo caído
E jamais voltasse a subir.
Desesperada vago a madrugada
Ao redor da destruição
Sem rumo, sem família, sem direção.
Perdi os sentidos, perdi totalmente a noção.
Bebi os úlimos reais enrustidos no bolso,
E na sarjeta à beira do rio pernoito.
A luz chega ainda mais forte
Que a própria garoa e frio da manhã.
Gasto minha última reza,
Implorando pela morte.
E até penso que ao menos uma vez
Deus me ouvirá e atenderá quiçá minha súplica.
Mas quão surpresa não fico,
Quando percebo que estou mais viva
Do que jamais estivera, e ainda pior:
Sem identidade, sem esperanças.
Uma vida sem morte,
Um clamor de atenção sem ser atendida,
Uma súplica de morte não ouvida.
Dor eterna de uma pobre alma errante.
Deixo-me levar pelo fogo da tristeza
E as chamas da realidade matam-me em vida.
Agora de olhos bem abertos e embriagados
Vejo o quanto estou perdida
E que meu pedido de morte
Fora atendido por Deus
Da forma mais aterradora possível:
O de estar morta para a vida.

Pour: Anna L.





Noite triste de chamas e esquecimento



Um protesto pessoal pelo que aconteceu ontem a noite na favela "Da Fazendinha" na Penha, região leste de São Paulo e que pude ver as chamas de camarote do meu apartamento...fato este que me tirou o sono.
Como sou uma pessoa sem posses e solitária bem pouco pude fazer há não ser ficar muito mau o dia todo.
Sabem o que vejo são restos daquilo que um dia algumas pessoas chamaram de casas...como se houvesse estourado uma bomba mesmo: visão de guerra, do inferno, mau consigo chegar perto da varanda...na verdade fui até lá apenas para regar minhas plantinhas e jogar o pano sobre meus periquitos por conta do frio e já fora o suficiente para piorar meu estado de condolescência.
Ontem e hoje não acenderei as luzes do meu pisca, pisca de Natal...é como se eu estivesse comemorando a morte de outras pessoas, não seria justo.
O pior é que daqui dois ou três dias, assim como quando ocorreu o "Tsunami" todos esqueceram a notícia, mas somente aqueles que perderam tudo é que não tem como se esquecer e eu ainda menos que estou de fronte ao ocorrido.


THE GLOVE - Mouth to Mouth (Robert Smith & Steve Severin)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Por THEODOR W. Adorno: educação após Auschwitz


Em analogia ao texto escrito por Theodor W. Adorno sobre Educação após Auschwitz, tracei um paralelo a respeito dos campos de concentração que temos no Brasil, em especial na cidade de São Paulo e dos campos que existiram em Auschwitz. 
Acreditem que vivemos em uma espécie de ensaio nazista ou melhor uma espécie de 3ª guerra territorial na grande cidade.
Explico-me melhor: ao passarmos por mendigos, usuários de crack ou quaisquer outras pessoas sobreviventes das ruas de São Paulo e passamos desapercebidos, como se aquela situação fosse algo normal do nosso cotidiano, criamos uma cerca elétrica invisível de preconceitos e até mesmo descaso com relação às condições de extrema pobreza do próximo.
Na verdade nosso sistema construiu campos de concentração nas grandes cidades, os quais as vítimas são aqueles que vivem em condições menos abastadas e portanto são colocados ali, fora da sociedade, ficando fora do mercado de trabalho, sendo obrigados a muitas vezes usar drogas para continuar sobrevivendo nas ruas e criando suas próprias realidades à parte.
Esta reflexão surgiu por conta de uma aula dada ontem Histórico-Social muito boa, e que de fato fora muito esclarecedora em detrimento de atitudes que temos diariamente e nem ao menos nos damos conta delas: nossa indiferença pela condição alheia e mais ainda, nossa ação "nazista" de alienamento social.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Formosa

Poesia do dia de hoje:




Toda a noite eu deito e não consigo adormecer
A luz se apaga e em um quarto escuro eu continuo a te ver
Eu continuo a te ver...
Teu cheiro está tão perto que eu não pude resolver
Se insisto em te procurar ou se tento te esquecer

Mais uma noite sem você, que parece nem ligar
E eu vou dormir prá quê ?
Se eu estou a fim de me entregar...
Já que eu não posso ter você fecho os olhos
E qualquer corpo passa a ser o seu
Qualquer corpo passa a ser o seu

Não sei por que você prefere duvidar de quem te diz que sente a tua falta
E não consegue ser feliz
Eu não consigo ser feliz...
Rolo em minha cama a noite inteira sem saber se insisto em te procurar
Ou se tento te esquecer...

Terra da garoa


Esta chuvinha, típica da nossa cidade, ora chamada "terra da garoa", me faz rememorar tempos  cinzentos que caminhava no centro, admirando arquitetura envelhecida do teatro municipal, do vale do Anhagabaú...os detalhes da água que ao molhar as obras de arte, deixavam-na num tom mais escuro mesclando-se ao mais claro seco: algo lindo de se ver.
Pessoas apressadas andando pra lá e pra cá, em busca de ganhos para depois perderem.
E a vida corrida da grande cidade passando...passando rápido demais, tanto quanto a juventude.
Durante anos observei o dia a dia ao voltar do trabalho até chegar em casa.
Eram trinta minutos de reflexão sobre tudo e todos, mas o principal era a admiração pela paisagem urbana e esquecida que estava bem ali na frente de todos, que nem sequer sabiam o tamanho do valor da arte que os circulavam por conta de suas corridas pelo nada.
Um tempo que não volta mais...mas de certo ficará para sempre na memória, e em dias como o de hoje trazem lágrimas de saudades.

domingo, 11 de novembro de 2012

No calor da emoção e da razão ou falta de...




O calor sufoca minha alma
E minha alma é sufocada pela dor.
E o tempo como sempre retorna
O mais triste e doente ardor.
Insone e pensante na vida,
Questionando-me por tudo que sou.
E tão difícil chega a resposta
Quando o nada é dito pra mim.
Mas que mim, que nada...
Olho no espelho e nem reflexo tenho.
Bizarro é o fato,
Mas o irreal se torna real.
Quando percebo que minha existência
Fora senão apenas minha própria ausência.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Noite regada por Edgard Allan Poe

Para uma noite de sexta-feira chuvosa, nada como uma aula fabulosa sobre mais um conto de Edgard Allan Poe.
Desta vez tratamos do conto: "The tell-tale heart". 
Suspense do começo ao fim Poe dá uma ênfase nas batidas do coração. De uma tal forma que pareceu-me sentir mesmo o som do coração ao ler o texto. 
Ainda mais com a interpretação que o professor colocou no áudio em sala de aula, fabulosa.
Para quem não conhece o conto narrado em 1ª Pessoa, portanto personagem-narrador trata de sentimentos antagônicos, os quais amor e ódio andam juntos o tempo todo e deixam-nos a pensar sobre a questão razão e emoção.
O personagem diz amar o velho, entretanto tem uma "cisma" com o olho dele, descrevendo-o de um azul encoberto por um véu.
Seria este véu o simbolismo de algo que ele tivesse contra aquele velho? Não sei. É mais um questionamento que faço, entre outros.
O mais incrível é que Poe escrevia sem se preocupar com a ideia de passar ensinamento algum, apenas o fazia metodicamente falando com relação à número de versos e unidade de efeito como também enfatizando a forma, a beleza estética.
E daí por diante ele vai a todo momento afirmando que não é louco por conta daquele medo que tem no fundo daquele olho, mas que precisa acabar com aquilo e para isso terá que matar o vô que tanto gosta...mas que infelizmente é dono daquele sinistro olho azul.
É intrigante como ele se auto-afirma com relação à própria racionalidade e faz questão de explicar que não é louco porque sabe exatamente o que está fazendo e o porquê, mas na verdade não diz o porque mesmo daquele estranho sentimento em relação ao olho azul do velho.
O importante é que Edgard é um autor do romantismo, porém possui características dos formalistas, dos transcendentalistas e simbolistas.
Na verdade este exímeo autor, ora estando em seu pleno estado e ora embreagado de álcool, escreveu contos que causam muitas vezes um estranhamento nos leitores, mas de fato foi um louco brilhante e como ninguém conseguiu seu intento: marcar gerações com seus escritos e fazer-nos deanear na escuridão dos pensamentos góticos mais profundos.
Existe algo que ainda estou refletindo que mais uma vez trata da arte: para os transcendentalistas o artista é um profeta, uma vez que tem que passar a verdade para as pessoas através da sua arte.
Neste caso a arte vai fazer com que o homem transcenda (busque uma divindade).
Enfim, para Poe isso não é verdade: ele diz que o artista jamais faria o papel de profeta, ou seja, transmitiria a verdade através de sua arte. Isso porque a arte não precisa se profetizar, ela fala por si mesma.
Por exemplo, ao criar "O Corvo" Poe foi racional e o fez pensadamente, preocupado com a arte no intuito de ser veículo de elevação da alma do homem e tão somente. Não precisaria ser profético, passar verdade alguma.
Ao que acredita Poe sobre a Arte dá-se o nome de "imanência da arte".
Ainda não sei bem como ver a Arte, precisaria refletir mais à respeito, mas sempre que vejo algo que me seduz, digo em pintura, música, sempre procuro entender mais a fundo e acabo descobrindo o porque daquela sedução...então não sei bem se concordo com a ideia de Poe acerca da "imanência da arte".
 

Dias de chuva e pensamentos



Ás vezes perco-me em minhas próprias viagens e devaneios.
Sinto que realmente ainda morrerei de tanto pensar e baterei o carro.
Estava voltando pela manhã da academia hoje pela manhã, correndo ou pelo menos tentando, já que o trânsito parado impediu mais rapidez, então as gotas da chuva começaram a escorrer pelo vidro da frente.
Enquanto isso na rádio Cultura começou a tocar uma música chamada "La vie Can Can Macabre"...um tchelo e piano maravilhosos...naquele momento adorei que o trânsito estivesse parado e fiquei alguns minutos observando aquelas gotícula descendo lentamente...tive vontade de chorar.
Meu peito apertou e uma dor imensurável tomou conta de mim novamente. Perdi-me em lembranças de uma vida e um futuro que talves nunca terei. Uma sobrevida inventada no "feliz", tantas coisas criadas, ornamentadas e eu sem sentido, parte daquilo tudo, perdida sem saber quem realmente sou.
Esta tristeza sem fim...será que um dia irá cessar.
Bom enfim, este dia de hoje será ssim, ao menos pela aula de sexta à noite que será sobre Edgard Allan Poe e me instigará ainda mais nas escritas e dores angustiantes de sexta à noite.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Verdade e arte



"A arte, felizmente ainda não soube encobrir a verdade."
Escolhi esta como sendo a frase do dia, que está cinzento e triste e cheio de tudo e de nada ao mesmo tempo.
Olho a moça do quadro: ela sorri para mim?
Sim é meu consolo das horas mortas.
Será eu mesma? Quando eu tive aquele amor desesperados nos olhos ou um perdão infinito na boca?
Dei um murro mais forte na mesa e murmurei:
"Não me conheço? Serei uma bruxa?"

Pronto mais pensamentos e organizações frasais que podem virar parte dos meus contos.
Mas de certo a arte pra mim não mascara a verdade e neste caso, concordo com Oscar Wilde.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Regime autocrático e "A Onda"



Ao assistir o filme "A Onda" temos uma base de como o poder pode subir à cabeça do homem, e.; de uma tal maneira à fazê-lo esquecer os próprios propósitos iniciais.
Temos ali um professor cheio de desejos e aspirações tentando ser o melhor e fazer a diferença.
Entretanto a falta de planejamento e objetivo, terminou levando seus alunos por um caminho tortuoso e mortal.
Tudo isso porque o poder corrompe.
Segue abaixo uma breve explicação à respeito do conceito político de "autocracia", tema central do filme e disseminador do ódio.
Bom na verdade o sentimento de injustiça social sentido pelas pessoas é que transformou-se em ódio.


Autocracia é um governo baseado nas convicções de uma só pessoa.
O termo que determina o tipo de poder político Autocracia  tem origem grega e significa literalmente governo por si próprio. Tratava-se, na verdade, de um governo no qual há uma única representação como detentora do poder, ou seja, um comitê, uma assembleia ou  um líder que possui absoluto controle de todos os níveis governamentais. Quando se trata da presença de um único indivíduo como detentor de todo esse poder, o consentimento de outros membros do governo é inexistente ou ignorado. Para haver um governo autocrático, o líder governamental controla toda a administração e todo o poder de sua jurisdição e é livre para tomar as medidas, de acordo com o significado do termo grego, por si próprio.
Tendo em vista essas definições, implica em dizer que nem sempre uma monarquia é necessariamente uma Autocracia. Essa correlação não procede em todos os casos porque os monarcas, em geral, são amparados por uma equipe administrativa. Uma monarquia só é autocrata quando é chamada de absoluta, pois aí sim representam casos de poder político absoluto do rei ou do imperador, o que os isenta da manifestação de qualquer outro órgão que participaria da administração governamental. Ainda assim, nem todo monarca absoluto é um autocrata, como o famoso rei francês Luis XIV. O monarca absolutista só é autocrata quando não há força social capaz de limitar suas ações e seus poderes políticos. E, evidentemente, a Autocracia não permite a participação popular nas decisões.
O sentido político da Autocracia pode ser restrito ou amplo. No primeiro caso há uma personalização do poder, ou seja, é o caso dos exemplos históricos de monarcas autocratas. Manifestações nesse sentido foram muito comuns no Império Bizantino, que entendia o monarca como detentor de um poder supremo e ilimitado que era concedido por Deus. Já o sentido amplo designa um poder ilimitado e absoluto sobre os súditos do governo como um todo ou dos órgãos administrativo que exerce a função de governante.
Embora os exemplos históricos de Autocracia sejam mais recorrentes quando associados a Estados monárquicos, cabe ressaltar que essa também não é uma regra. A Autocracia pode ocorrer sem a figura de um rei ou imperador, e um bom exemplo disso é a Alemanha do século XX e o governo autocrata de Adolf Hitler.

domingo, 4 de novembro de 2012

Porque a trsiteza e solidão inspira tanto? Não posso entender este sentimento que mantenho dentro de mim.
Estava fazendo o almoço, enquanto ouvia uma música, de repente perdi-me em pensamentos e cortei meu dedo que se esvaiu de tanto sangue.
Nem sabia que ainda passava sangue pela minhas veias...mas descobri que sim, passa ainda.
Bom o vazio do tempo, frio da alma e do pensamento faz inspirar-me.
De fato a dor me impulsiona a tomar ações. Ações imediatas de fazer me sentir viva.
Não sei se isso é bom ou ruim, mas aqui estou eu, de  novo tomando uma cerveja, muito, muito resfriada e escrevendo muitas coisas desconexas ou conexas talvez.
Nestas horas gostaria de ter o dom do desenho, seria exímea desenhista ou pintora, mas a verdade é que não tenho dom nenhum, há não ser o de sofrer, bom tentarei compor alguma coisa, talves hoje eu consiga.
Espero que o tempo colabore, fique friozinho...e o álcool também,lógico.

Na escuridão da noite
Dancei com a sombra da solidão.
Deixei me levar pela ritmo da tristeza
Saudades de um tempo
Que não volta mais.
E chorei pelo vazio
Pela solidão.
Ninguém percebeu
Apenas eu mesma.
Pois o manto negro
Da morte e da dor
Cobriu-me, escondendo-me
De mim mesma.
A máscara ocultou a verdade
Da verdadeira vida
Que não queria viver. 
E o que sou
Nada além de restos
De lembrnças de uma juventude
Que não volta mais.
De amigos imaginários
Que na verdade não existiram
De amores que nunca tive
E que na verdade
Amei sempre o meu próprio reflexo
Visto somente através do espelho
Espelho dos meus medos
Do meu incosciente
Da minha alma
E do meu coração.

Gang of Four - Damaged Goods (Damaged Goods EP)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Reflexões sobre mim mesma

"Uma ser só reconhece outro ser da mesma espécie quando é igual à ele, mesmo tendo vida e hábitos diferentes."
Trata-se de uma frase refletida or eu mesma á respeito da criação "fora" dos padrões normais ditados pela sociedade.
De seres que são considerados "excêntricos" ou não-humanos como eu prefiro dizer, por agirem de forma diferente do que a maioria das pessoas denominadas "normais"  o fazem.
Então como me reconheço solitária neste  mundo, percebo que existem outros como eu. Mas que agem e atuam de forma teatral para sobreviverem neste mundo sórdido, mentiroso e capitalista.
Bom o vídeo da música da banda "Zero" é a música escolhida por mim como de hoje. Adoro a banda e a música em especial.


Lamento por uma perda irreparável



Foram dias e noites com você.
Me ouviste chorar, passar fome, sofrer.
Amarguei minha dor de tê-la em mim
Meses de negação, sofreguidão.
Lágrimas de arrependimento caiam  sempre.
Acreditava que estaria presa
Numa realidade que não era  minha.
Com uma pessoa que não amava de verdade.
Então aumentava a dor e mais uma vez chorava.
Não te queria de jeito nenhum.
Mas minha consciência e valores
Me impediam de tomar atitude abortiva.
E doía, sofria...não te queria.
Mas chegou o esperado dia
E você veio...chorou estridentemente.
Foi puxada do meu ventre...perdi o ar.
E senti que te queria de volta ali em mim.
Mas não tinha mais como...era tarde demais.
Estarias viva ao menos?
E eu preferia ter morrido no teu lugar.
Arrependi-me dos pensamentos de não tê-la.
Quando abriste os olhinhos,
Olhaste fundo nos meus,
E aconhegada ao meu lado
Paraste de chorar
Quem chorou fui eu.
Parte de mim linda Emanuelle
Viveu por apenas uma semana 
Depois de nascida, depois morreu.
Mas comigo nem teve oportunidade
De ficar...e eu acovardada nem te dei forças para lutar.
A vida tirou-me você por meu próprio desejo.
Sou péssima por isso.
E sempre sentirei-me culpada.
E morrerei com este sentimento.
Meu desejo mais profundo,
Que o perdi quando a vi,
Pela primeira vez.
Meu anjo perdoe-me!
Perdoe esta mulher,
Que você escolheu por mãe!
Eu a amo muito!!!
E faria tudo diferente se tivesse oportunidade.
Você é um anjo muito querido
E que passou por mim rápido
Para ensinar muito, para toda a vida.
Para sempre sua mãe,
Se é que posso assim me denominar
Com todo amor do mundo.

Pour Anna


Hoje é um dia propício para o sofrimento, frio, cinzento. Não tenho como deixar de pensar na minha falecida filhinha e no meu vozinho.
Nossa é incrível como sentimos dor por aqueles com quem convivemos muito tempo, na mesma intensidade do que aqueles que simplesmente passaram uma semana pelas nossas vidas.
Somente quem pssou por isso sabe o tamanho da dor de se perder uma parte do seu próprio corpo.
Triste demais. Estar no túmulo perante si próprio é algo que não consigo descrever.
Mas a verdade é que tive o privilégio de ter um anjo da guarda só pra mim...minha filhinha Emanuelle.
Te amarei para todo sempre e meu coração sempre estará contigo.