A preocupação no ensino da língua portuguesa é fazer com que os alunos decorem uma interminável lista de conjunções coordenativas e subordinativas.
No entanto, seria muito mais produtivo fazer com que eles entendam o sentido das conjunções, sua função argumentativa, as relações que estabelecem entre as ideias como forma de evitar os períodos incoerentes do ponto de vista sintático e semântico.
Um outro assunto, diz respeito à pontuação, sendo comuns as reclamações sobre não saber pontuar, usar vírgulas, etc.
Seria mais proveitoso aliar o ensino da pontuação para estabelecer sentido no texto.
Assim como podemos usar conectores e outros elementos de coesão para articular vocábulos ou orações, e indicar as relações existentes entre eles, os sinais de pontuação também contribuem para uma espécie de "costura" no texto.
Nas atividades de produção de texto percebe-se que os problemas mais graves advém nas falhas de estruturação da frase, da incoerência das ideias, da ausência da unidade e encadeamento lógico dos argumentos. Daí a necessidade de saber lidar com a coerência e coesão, mostrando como cada uma delas contribui para a elaboração de um bom texto.
O cuidado maior dos professores é em relação aos erros gramaticais. Mas isto não é o que qualifica de fato um texto.
O autor Othon M. Garcia (1973) diz: "...uma composição pode estar absolutamente correta do ponto de vista gramatical e revelar-se absolutamente inaproveitável." e continua, "...quando o estudante aprende a concatenar as ideias e estabelecer suas relações de dependência, expondo seu pensamento de modo claro, coerente e objetivo, a forma gramatical vem com um mínimo de erros que não chegam a invalidar a redação. E esse mínimo de erros se consegue evitar com um mínimo de regrinhas gramaticais."
Nos estudos sobre coerência e coesão há uma posição comum em relação aos dois mecanismos na produção e compreensão de textos.
Importante: coesão não garante coerência, embora concorra para que a mesma se estabeleça.
O professor quer que seus alunos produzam textos coerentes e coesos, para tal, em primeiro lugar deve mostrar a presença desses mecanismos em textos literários, não literários, jornalísticos, publicitários, de forma a familiarizar seu público com as novas aquisições de se estabelecer relações textuais.
Trata-se pois de um processo de sequencialização que asseguram uma ligação entre elementos linguísticos formadores do texto, os chamados recursos de coesão textual ou instrumentos de coesão.
Só então, os alunos passarão a desenvolver suas próprias produções.
Lembrando que, não basta dizer que o texto do aluno está incoerente, sendo preciso mostrar a ele, onde estão os problemas, e sobretudo, como podem ser resolvidos.
(por Ana Paula L.)