quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Noites frias no verão será uma ilusão?


"O justo crescerá como a palmeira, como o Cedro do Líbano se elevará". 
Pois é...existem dias na vida da gente que toda a vida passa como um filme em nossa mente.
Um friozinho noturno em pleno verão é o carinho que afaga minha face envelhecida, entristecida.
Enquanto penso, penso numa saída, o frio traz e leva lembranças, umas doces, outras amargas...são muitas, muitas lembranças que de repente se parecem com uma folha que picamos e os pedaços pequenos flutuam pelo céu e caem no chão sendo esmagados pelos outros.
Acendo meu companheiro cigarro, trago profundo, e só esta noite quero tomar um chá...um chá de sumiço.
Será que tomando este tipo de "chá" eu consigo apagar todas as memórias desta vida tão sem sentido?
Como pude um dia trabalhar numa das maiores empresas do país e hoje não conseguir um simples emprego?
Pensei numa tarde, que embreagada, andava numa grande avenida, tratava-se de um show de heavy metal nas redondezas do Pacaembú, e lembro-me de ter olhado para cima e ver um arranha-céu altíssimo com uma pessoas mais velha observando os adolescentes  que marchavam pelas ruas com suas garrafas de bebida barata, enfim, achava que sempre seria daquele jeito: bonita, viva, cheia de amigos, admiradores e nunca pensei que como hoje, quem estaria no lugar contrário seria eu...nossa que tristeza.
Sou eu mesma quem está hoje na varanda de um prédio observando carros que vem e vão em cima do viadulto cinza, sujo...o futuro na verdade chegou, mas chegou muito presente pra mim. Mas não como um "presente" e sim como uma maldição.
Terra suja de seres humanos inconscientes, inconsequentes.
Abandonada pelo sistema pelo meu sistema também.
Eis que no desespero chorei novamente, creio que todas as noites frias de verão o faço, mas hoje em especial. 
Não vou desistir enquanto estiver viva, mesmo que em luto. 
Fecho a porta de vidro e sinto o afago quentinho do apartamento pequeno em que resido.
As rosas lindas, amarelas no canto da sala me fazem por um segundo secar as lágrimas e engolir o choro sentido da desesperança.
Então escrevo, escrevo e leio uma frase...sabe aquela que comecei no início do texto.
Bom eu sou justa, sempre fui, neste caso terei que caminhar de novo do zero para me elevar, sim é uma espécie de provação ou diria humilhação, mas não importa me elevarei de novo.
Tentarei dormir um pouco, quem sabe melhor que noite passada. 
Preciso de esperança, nem que eu mesma a crie com meus próprios anseios, afinal amanhã será um novo dia.