Votre âme est une paisage choisi
Que vont charmant masques et bergamasques
Jouant du luth et dansant et quasi
Triste sous leurs déguisement fantasques;
Tout en chantant sur le mode mineur
L'amour vainqueur et la vie opportune,
Ils n'ont pas l'air de croire à leur bonheur
Et leur chanson se mêle au clair de lune,
Au calme clair de lune triste et beau,
Quit fait rêver les oiseaux dans les arbres
Et sangloter d'extase les jets d'eaux,
Les grands jets d'eaux sveltes parmi les marbres.
(Poema de Verlaine)
O sentimento que quer se expressar neste belo poema remete-se ao triste e ao belo; o qual um misto de sonho e soluço extático face à hora difusa, banhada pelo clarão da lua.
Este sentimento não é referido diretamente - há apenas uma referência à interioridade ´"Votre âme" (Sua alma), ponto de partida de todo o poema e o "eu poético", enquanto manifestação de uma individualidade ausenta-se ou disfarça-se como os foliões"déguisements fantasques" (disfarces fantasiosos).
A expressão do estado de alma é sugerida pelo uso do símile: "votre âme est une paisage" (sua lama é uma paisagem) e a partir daí tem início o processo de prolongamento de emoção.
As danças, o alaúde, o luar,os pássaros, os chafarizes, os objetos do mundo concreto evocados no poema, não tem valor simbólico em si, se pensarmos no símbolo em sentido mais estrito, isto é uma coisa que representa outra. Estes elementos são evocados somente para que a emoção seja prolongada e reforçada e, portanto, tem o peso equivalente às cargas sonoras como no exemplo:
"Ils n'ont pas l'air de croire à leur bonheur" (Eles não tem ar ara acreditar em sua felicidade) e a aliteração com as sibilantes em "les oiseaux dans les marbres" (os pássaros dentro das árvores).
O resultado é a criação de uma imagem "fête galante" (festa galante, chique) de uma mascarada ao luar que se impregana de espiritualidade e que por sua vez, impregna também de espiritualidade os pássaros e os chafarizes.
Tudo isso não passa de um simulacro da alma que fala através da paisagem.
O somatório de imagens visuais e sonoras como que esvazia o poema de sentido, sem que, porém, a pintura da paisagem valha por sim mesma, porquanto a luminosidade sonora, na sinestesia tenha a capacidade de despertar no leitor uma lembrança difusa de algo inexprimível em si, algo que não poderia ser traduzido senão pela magia da palavra evocativa.
É esta capacidade sugestiva so símbolo que aproxima a poesia simbolista da música, a ponto de os poetas escreverem não só de artes poéticas, como também rechearem os seus textos de violinos, pianos, enfim de música.
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