Daqui de onde estou a visão é um deleite;
Um imensa catedral atrás de um trânsito caótico
Um modernismo expressado pela fumaça cinza
Poeira adentra minha morada alta,
Tão alta quanto estou agora.
O álcool aumenta a visão
Das montanhas ao longe.
Imagino as casinhas em volta e posso vê-lo:
Vejo meu anjo também alto...suas asas também envelhecidas mas ainda lindas como sempre...
Apesar de estar no andar de baixo, na janela em ruínas, de sua morada...pensando e olhando para o nada.
Nada que somos e nada que nos tornamos, mas anjos esquecidos pelo tempo, pela vida.
De repente entre o som ensandecido de carros de polícias e ambulâncias
Nossos pensamentos se cruzam e posso senti-lo...nossa vibração é única
Vejo os seus olhos na janela tão solitários e pedintes de algo que nem mesmo ele sabe o que
Talves uma chance para ser visto, alguém que ainda tenha fé nele...não sei.
Assim como os meus, a música mistura-se com os sons da cidade e alivia o caos humano.
Penso: pudera eu estar junto à ele...embreagados de tristeza, esquecimento e dor, quem sabe, quem sabe...
Juntos, só isso...nada mais. (nothing more)Para sempre em vida e em morte.
Enxergo as coisas com mais dificuldade,
Os olhos humanos estão envelhecendo.
E por vezes prefiro ver de olhos fechados, imaginando.
É isso: minha vida virou imaginação
Já que não tenho uma vida real...
Tudo o que um dia pensei que pudesse ser e viver.
Sobrevivo da imersão dos sonhos
Em realidades utópicas.
Minha maior alegria é a mentira
Que minha mente criou para si mesma.
Identidade já não tenho mais.
E meu anjo esqueceu-se de mim...
Acho que em algum momento
Deixei de rezar...então fiquei mais só do que já era.
Restam-me apenas palavras e palavras
Já não tenho mais juventude
Emprego e nem nada de nada.
Apenas lembranças do que poderia ter sido
E vivido: sou isso...sou nada
E penso sempre na frase que já me espera
E cá entre nós estou ansiosa:
"Nesta que aqui estamos
Por vós esperamos..."
Pour Anna