Incrível como somos escravos de um sistema assassino, deprimente e nocivo...
Assim que nos entendemos por adultos e passamos a trabalhar no intuito de saciar nossas vontades ou mesmo por necessidade, percebemos que os gastos vão tornando-se cada vez maiores, bem como nossos anseios.
Ocorre que quando damo-nos conta de que o tempo passa ávido e voraz, já não somos mais tão tenros e a partir daí passamos a sobreviver e não mais viver como esperávamos em outrora.
Então sobrevivemos para pagar nosso consumo que é tão grande ou ainda maior que nossa ambição.
Não percebemos a passagem do tempo a não ser pelas marcas deixadas em nossa matéria putrida embevecida pelo afã da perfumaria francesa e modal, mas que por baixo das vestes em tecido fino estará lá, aguardando que os vermes a devorem.
Parada horas numa ansiedade tamanha para sobreviver e tão somente sobreviver, eis que surgiu a pergunta em seu mais profundo grito silencioso da alma: afinal, o que somos?
E hoje, após horas como refém de uma vã substância insalubre, mas essencial para meu deslocamento em vida etérrea (em terra=neologismo) surgiu a resposta...triste e sombria, contudo real: somos nada.
Não sou pessimista ou mal amada...pelo contrário, sou otimista e muito bem amada, e como nunca houvera visto antes, amo as pessoas de forma sublime, igual e em especial, os meus num amor incondicional.
No decorrer de anos e muito trabalho e estudos, conquistei bens materiais almejados por muitos, dos quais sou grata e dou grande valor.
Mesmo assim, a resposta para minha pergunta foi: sou nada.
Nada além de um ser humano, preso num mundo utópico, imersa em subjetividades.
Sim, tudo é subjetivo e portanto poderar-se-á desfazer-se em cinzas como a cor da nossa cidade poluída e misturar-se ao pó dos nossos cadáveres.
Imersos em fumaça e cheiro de gasolina, nuvens, gazes tóxicos, enfim, tudo nos levando a um único destino: a morte de nós mesmos.