Existem pessoas que vem a este mundo e não passam simplesmente; deixam um pouco de si e carregam um pouco de nós.
Dentre muitas pessoas que tenho admiração uma delas é este médico eterno do bem.
Ele simplesmente foi um homem comum e como muitos brasileiros, passou por várias dificuldades financeiras que quase o fizeram esmorecer, mas ele não o fez e continuou tornando-se brilhante médico.
Respondeu à vida com ações de bondade e solidariedade ao invés de arrogância, como ocorre na maioria dos médicos formados.
Este é o "cara". Amigos resolvi falar um pouco sobre a vida dele porque apesar de ouvirmos falar bastante este nome atrelado à Filosofia Espírita, poucos sabem sa real história de vida de Bezerra, que de fato é um exemplo para ser seguido.
Anteriormente postei também sobre Ben Carson, que também foi um exemplo de perseverança na medicina.
Bem poderia este médico ser o próximo Bezerra de Menezes americano, já que sua bondade e força de vontade está presente em todos os seus trabalhos.
Para mais informações, basta visualizar post anterior a este.
Segue abaixo a história do Drº Bezerra e Menezes.
Um ser humano que passa para a história como um exemplo de devoção ao próximo.
Hoje em
dia, mais do que nunca, um exemplo que deve ser observado com muita atenção.
Ele foi um homem que lutou pelos direitos e liberdades dos espíritas, foi uma das
personalidades públicas mais conceituadas do Brasil na segunda metade do século
19, e conseguiu dar uma nova orientação e ânimo ao Espiritismo no país.
O resultado de sua obra se estende até esse início de século 21, com a
multiplicação de centros e comunidades espíritas que carregam, mais do que o seu
nome, sua postura diante da vida e o esforço em ajudar o próximo sem esperar
qualquer tipo de recompensa.
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em Riacho do Sangue, no Ceará, em
29 de agosto de 1831, descendente das primeiras famílias que vieram do sul para
povoar o Ceará. Começou seus estudos na escola pública em 1838 e, em 1842, foi
para o Rio Grande do Norte: sua família teve de se transferir por motivos
políticos, uma vez que eram liberais e estavam sendo perseguidos. Retornou ao
Ceará em 1846, completando seus estudos em Fortaleza.
Bezerra de Menezes foi para o Rio de Janeiro em 1851 e, a partir de novembro
de 1852, entrou como interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia,
auxiliando o dr. Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, famoso cirurgião da
época.
Com dificuldades financeiras até para pagar seu aluguel, Bezerra contou
que, certo dia, ao baterem à sua porta, ele imaginava que seria o senhorio
cobrando o aluguel que ele não poderia pagar, no entanto era um jovem que o
procurava para ter aulas de matemática, uma matéria que Bezerra não suportava.
O
jovem lhe deixou um pagamento adiantado e marcou uma data para a aula. Bezerra
foi à Biblioteca Pública estudar a matéria e, ao voltar para a aula, o jovem não
apareceu. Segundo ele, nunca mais o reviu ou ouviu falar dele, mas conseguiu
pagar o aluguel. "Foi a única vez", disse Bezerra, "que estudei a fundo uma
lição de matemática, e ela me valeu de alguma coisa".
Em 1856, conseguiu obter seu doutorado pela Faculdade de Medicina,
defendendo a tese Diagnóstico do Cancro.
Depois de sua formatura, resolveu modificar seu nome, abandonando o sobrenome
Cavalcanti. Posteriormente, em 1857, candidatou-se ao quadro de membros da
Academia Imperial de Medicina, apresentando o trabalho Algumas Considerações
sobre o Cancro, Encarado pelo Lado do Seu Tratamento. Em 1858, candidatou-se
a uma vaga na Seção de Cirurgia da Faculdade de Medicina e, no mesmo ano, o
então nomeado cirurgião-mor do Exército, seu professor Manoel Feliciano, nomeou
Bezerra de Menezes seu assistente, com o posto de cirurgião-tenente. De 1859 a
1861, fez a redação dos Anais Brasilienses de Medicina, da Academia Imperial de
Medicina.
Posteriormente, iniciou um período de atividades políticas que fariam com que
seu nome se tornasse ainda mais conhecido no país. Na época, ele residia e
clinicava em São Cristóvão, e foi convidado por amigos para ingressar na vida
política, começando como vereador, em 1860. Em 1867, chegou a deputado; em 1878,
foi líder do Partido Liberal, e de 1878 a 1880, presidente da Câmara Municipal.
Encerrou suas atividades políticas em 1885, ainda que seu nome tenha sido
cogitado para senador pelo Rio de Janeiro, pouco antes da proclamação da
república.
Canuto Abreu, um dos mais importantes historiadores do Espiritismo no Brasil,
escreveu que outra missão o aguardava, não para que ele fosse coroado de louros,
mas para que tivesse uma tarefa ainda mais importante, servindo ao seu país de
uma forma que se mantém na memória e rende frutos até hoje.
Nessa época, o Espiritismo já começava a ter um grande destaque no país, e
cada vez aumentava o interesse pelo assunto, atraindo mais e mais pessoas.
Assim, em 1875 surgia a primeira edição brasileira de O Livro dos Espíritos,
traduzido por Joaquim Carlos Travassos, que ofereceu um exemplar ao dr. Bezerra
de Menezes. Segundo consta, Bezerra relatou o seguinte, ao ler o texto: "Lia,
mas não encontrava nada que fosse novo para meu espírito. Entretanto, tudo
aquilo era novo para mim! Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava em O
Livro dos Espíritos. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim
mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, como se diz
vulgarmente, de nascença".
Ao mesmo tempo em que entrava em contato com o Espiritismo, Bezerra de
Menezes continuava seu trabalho como médico, destacando-se por sua postura
humanista, atendendo pessoas sem condições de pagar o tratamento e até mesmo
indigentes. No livro Lindos Casos de Bezerra de Menezes (LAKE), de Ramiro
Gama, essa postura do "médico dos pobres" fica bem clara num texto em que ele
fala sobre a atitude ideal de um médico: "O médico verdadeiro é isto: não tem o
direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou
perto. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado e achar-se
fatigado ou por ser alta a noite, mau o caminho e o tempo, ficar perto ou longe
do morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita,
ou que diz a quem lhe chora à porta que procure outro – esse não é médico, é
negociante da medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da
formatura".
A adesão pública ao Espiritismo surgiu em 1886, com sua filiação à Federação
Espírita Brasileira, e com um famoso discurso proferido no dia 16 de agosto
daquele ano, no salão da Guarda Velha. Alguns pesquisadores afirmam ainda que,
com o pseudônimo de Max, ele começou a escrever para o jornal O Paiz em
1886; outros dizem que foi no ano seguinte. O mais importante, no entanto, é que
os textos de Bezerra de Menezes chegam a ser considerados entre os mais
importantes estudos filosóficos e doutrinários do Espiritismo no país, além de
defenderem a doutrina de uma série de ataques que começava a sofrer.
Após passar por uma séria provação em 1888, quando perdeu dois filhos,
Bezerra de Menezes aceitou a presidência da Federação Espírita do Brasil no ano
seguinte, num momento em que a Federação passava por maus momentos. Grupos
diferentes discutiam os rumos do Espiritismo, divididos entre os chamados
"místicos" e os "científicos". O que ele fez foi um trabalho de conciliação e
harmonização dos ideais espíritas, realizando uma reformulação no Espiritismo
brasileiro. No mesmo ano, atuava como presidente da Casa de Ismael, iniciando o
estudo de O Livro dos Espíritos, realizando sessões semanais também na
FEB.
Em 1890 e 91 foi vice-presidente da FEB, época em que também traduziu o livro
Obras Póstumas, de Allan Kardec. Mas foi uma época em que Bezerra de
Menezes esteve mais afastado da Federação, dedicando-se mais ao Grupo Ismael e
aos estudos de Kardec e Roustaing.
Já ao final de 1891, a FEB passava por divergências internas e ataques
externos abalando o Espiritismo, situação agravada pela instabilidade política
do país, que ampliava a divisão entre os espíritas. Essa situação se estendeu
até 1895, quando as finanças da entidade já estavam bastante prejudicadas.
Assim, a pedidos, Bezerra voltou a assumir a presidência, cargo que estava vago,
sendo considerado o único espírita capaz de reverter a situação.
Com sua postura nada ambiciosa e desapegada das coisas materiais, Bezerra de
Menezes conquistou a admiração de muitas pessoas, mas também teve problemas,
sendo reduzido à pobreza em 1892. Mas não abandonou a luta em favor do
Espiritismo, escrevendo sua seção dominical de O Paiz, artigos para o
Reformador, e romances. Segundo alguns historiadores, Bezerra manteve-se
como uma das poucas, senão a única voz a defender o Espiritismo no país, nessa
época conturbada.
Ele se manteve como presidente da FEB até desencarnar, no dia 11 de abril de
1900. Deixou como grande alteração a orientação evangélica da Federação,
recomeçando o estudo sistemático de O Livro dos Espíritos, realizando
sessões públicas, e atraindo cada vez mais pessoas e conquistando um respeito
crescente para o Espiritismo.
Não é por acaso que chegou a ser chamado de "o Kardec brasileiro", e sua obra
mais consistente – e que encontra paralelos ainda hoje, em inúmeras obras
assistenciais –, foi a que se refere à ajuda aos pobres e necessitados, não
pensando duas vezes na prestação de serviços e em dividir o pouco que possuía.
No mundo extremamente materialista em que vivemos nesse início de século, é
um exemplo que deve sempre ser seguido.