sexta-feira, 17 de abril de 2015

Sono Profundo II


Então as luzes apagaram-se, 
Um forte barulho ecoou em meus ouvidos,
Aquele instante poderia jamais ter existido.
Mas existiu.
Voltei para casa e caminhei perdido, porta a dentro.
Os cômodos pareciam estar tortos, gélidos.
As cores claras e alegres, tornaram-se cinzentas.
O chão parecia não existir.
Por vezes eu caminhava sob as nuvens
Sentia-me mesmo sem chão
E agora, sabia o verdadeiro significado da frase.
Mas isso tudo é hoje.
Amanhã será diferente, e depois e depois.
Até que não mais farei diferença.
E a convivência com os outros familiares, amigos,
Apenas mero acaso do destino.
E os dias passam-se, tristes, amargos, difíceis
Rios de lágrimas... 
Que num supetão
Formou-se em Lete.
E se fez valer no esquecimento.
Não podia acreditar que tudo voltara a ser como antes
Mas só que sem mim.
Como puderam? Como pode?
Simplesmente, não mais estava presente
E até mesmo minhas coisas já não mais estão aqui.
Foram dadas talvez,
Ou jogadas fora, não sei ao certo.
Assim como fizeram com minha presença:
Esquecida no vão do tempo, das pessoas,
De um vida sem sentido, 
Porque a morte a ceifou.
E não se sabe como, nem o motivo.
E cá estou; solitário, triste e morto.

(Pour Anna Paula L - 17/04/2015)

Sono Profundo I


Estava ali: parado, estático, 
Tentava falar, gritar mas não conseguia.
Um desespero inominável tomou conta de mim.
Mas havia um peso sob meu corpo.
Meus lábios enrijecidos não abriam
Tentei, tentei, mas nada adiantava
Parecia estar num palco de teatro;
Pessoas vinham e iam a todo momento
Alguns me tocavam nas mãos, outros na face,
Uns choravam, outros riam levemente,
Mas eu continuava ali, sem nada entender.
Desisti por cansaço e me entreguei ao sono.
Era um sono estranho demais; dormi, mas só que não.
Repentinamente voltei, então falei, mas ninguém ouviu de novo.
Eis que as luzes se apagaram,
As cortinas fecharam,
E num súbito, percebi, morri!
(Pour Anna Paula L. - 17/04/2015)