" De la vie et de la mort "
" Segue-se daí que o sujeito do conhecimento, considerado em si, e enquanto tal, não pode tomar parte ou ter interesse em nada, mas sim ver com indiferença o ser ou não-ser de cada coisa e mesmo o seu próprio. Sendo assim, incapaz de interesse, por que seria ele, imortal?Ele termina com a manifestação temporal de vontade isto é, com indivíduo, do mesmo modo, como nasce com ela. "
Ou seja como se fosse uma lanterna que já fora utilizada, e repentinamente é apagada, pois já prestara o seus serviços.
Reflexões de Ana Paula sobre trecho de Schopenhauer:
Já havia visto esta frase há alguns anos atrás numa fita cassete que gravou uma grande pessoa.
Entretanto, na época não consegui compreender o porque daquela frase como título de gravações feitas por ela própria, enquanto músico que era, e acredito ainda o ser.
Hoje, lendo as obras deste grande filósofo, dentre outros, consigo visualizar qual era o sentimento que ele trazia em cada nota que ouvia, e o quanto me entristecia e fazia-me derramar lágrimas aquelas canções que no fundo eram apenas um presente que se tornou passado e futuro funestos, pois o que aquele grande indivíduo viu e vê não é nada além do que vivencia, ou seja, exatamente o que propõe Schopenhauer quanto à individualização do ser em si mesmo. E hoje entendo que a frase francesa, que me parecera tão poética, não era tão poética assim, e que no seu mais profundo âmago, estava uma sobrecarga de pessimismo, perversão e maldade.
E o que tem mais me esclarecido sobre o quanto chega o egocentrismo, imaturidade e egoísmo,enquanto sua individualização em si são minhas constantes buscas por respostas através do empirismo filosofal, pois o pragmático, nada explica, apenas diz o que tem que ser, e pronto, fazendo-me cair ainda mais num profundo rio Lete (rio do esquecimento) o qual continuo cheio de perguntas existenciais sobre os fatos que ocorrem comigo, e apenas resolvo as questões superficialmente, ou seja, sem nenhuma explicação do por que ocorreu naquele momento.
Posso dizer que poucos indivíduos e situações irão me enganar daqui para frente, pois me encontro exatamente nesta situação ; sou um ser em mim mesma e individualizada portanto, dos demais seres, tenho a consciência e o conhecimento da minha capacidade de ver e enxergar a vida e a morte, sabendo lidar com as perdas mortas e viventes neste decurso temporal, ao passo de estar tão fria que não consigo derramar uma gotícula sequer de lágrima, e uso a seguinte frase também de Schopenhauer para encerrar esta reflexão, parte dos dezessete anos da minha caminhada atrás e atual presente de separação em que vivo:
" Quando prevalece o conhecimento, o homem avança ao encontro da morte com o coração firme e tranquilo, e daí honramos sua conduta como grandiosa e nobre, celebramos então o triunfo do conhecimento sobre a vontade da vida cega, sobre aquela vontade que nada mais é, do que o princípio da nossa existência. " (nota de Schopenhauer)
Jamais estarei só, ainda que só esteja, pois tenho a consciência de que detenho comigo o conhecimento.
(por Ana Paula L. ao som de Messiaen - maravilhoso! )