quinta-feira, 2 de maio de 2013

Vida: sombra da morte


Ia caminhando até o carro cabisbaixa,
O vento gelado na tarde de outono soprou
Gelou minha pele e minha alma chorou.
Ainda mais lento meu passo ficou.
As folhas secas raspavam no chão
Ruído triste, amargurado soou.
Então aquele corpo físico
Por alguns instantes parou:
Perfumado, arrumado envaidecido
E pude ver o cadáver apodrecido, mau cheiroso.
Mas imóvel e sem mais lâmpejo de vida
Nada somos e nada seremos senão mera ficção.
Segundos de reflexão pareceu-me tão longos...
A razão nunca tem mesmo uma razão.
A vida é traduzida pela morte
E ao ouvir esta tradução,
Descobri uma língua estranha
Que não há melhor intérprete
Do que eu mesma.
Quando se abre os olhos para vida,
E se vê apenas morte,
Os sons que ecoam são frios,
Os toques sentidos são gelados,
E descobre que na verdade
E se faz a vida uma mera ilusão.
Na verdade você sempre esteve morto
E aceitar sua própria morte
É muito difícil.
No entanto quando entendes
Que és um cadáver 
Passas a entender melhor as dores da vida
Que nada mais é do que a sombra da morte.