sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Noite regada por Edgard Allan Poe

Para uma noite de sexta-feira chuvosa, nada como uma aula fabulosa sobre mais um conto de Edgard Allan Poe.
Desta vez tratamos do conto: "The tell-tale heart". 
Suspense do começo ao fim Poe dá uma ênfase nas batidas do coração. De uma tal forma que pareceu-me sentir mesmo o som do coração ao ler o texto. 
Ainda mais com a interpretação que o professor colocou no áudio em sala de aula, fabulosa.
Para quem não conhece o conto narrado em 1ª Pessoa, portanto personagem-narrador trata de sentimentos antagônicos, os quais amor e ódio andam juntos o tempo todo e deixam-nos a pensar sobre a questão razão e emoção.
O personagem diz amar o velho, entretanto tem uma "cisma" com o olho dele, descrevendo-o de um azul encoberto por um véu.
Seria este véu o simbolismo de algo que ele tivesse contra aquele velho? Não sei. É mais um questionamento que faço, entre outros.
O mais incrível é que Poe escrevia sem se preocupar com a ideia de passar ensinamento algum, apenas o fazia metodicamente falando com relação à número de versos e unidade de efeito como também enfatizando a forma, a beleza estética.
E daí por diante ele vai a todo momento afirmando que não é louco por conta daquele medo que tem no fundo daquele olho, mas que precisa acabar com aquilo e para isso terá que matar o vô que tanto gosta...mas que infelizmente é dono daquele sinistro olho azul.
É intrigante como ele se auto-afirma com relação à própria racionalidade e faz questão de explicar que não é louco porque sabe exatamente o que está fazendo e o porquê, mas na verdade não diz o porque mesmo daquele estranho sentimento em relação ao olho azul do velho.
O importante é que Edgard é um autor do romantismo, porém possui características dos formalistas, dos transcendentalistas e simbolistas.
Na verdade este exímeo autor, ora estando em seu pleno estado e ora embreagado de álcool, escreveu contos que causam muitas vezes um estranhamento nos leitores, mas de fato foi um louco brilhante e como ninguém conseguiu seu intento: marcar gerações com seus escritos e fazer-nos deanear na escuridão dos pensamentos góticos mais profundos.
Existe algo que ainda estou refletindo que mais uma vez trata da arte: para os transcendentalistas o artista é um profeta, uma vez que tem que passar a verdade para as pessoas através da sua arte.
Neste caso a arte vai fazer com que o homem transcenda (busque uma divindade).
Enfim, para Poe isso não é verdade: ele diz que o artista jamais faria o papel de profeta, ou seja, transmitiria a verdade através de sua arte. Isso porque a arte não precisa se profetizar, ela fala por si mesma.
Por exemplo, ao criar "O Corvo" Poe foi racional e o fez pensadamente, preocupado com a arte no intuito de ser veículo de elevação da alma do homem e tão somente. Não precisaria ser profético, passar verdade alguma.
Ao que acredita Poe sobre a Arte dá-se o nome de "imanência da arte".
Ainda não sei bem como ver a Arte, precisaria refletir mais à respeito, mas sempre que vejo algo que me seduz, digo em pintura, música, sempre procuro entender mais a fundo e acabo descobrindo o porque daquela sedução...então não sei bem se concordo com a ideia de Poe acerca da "imanência da arte".
 

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