quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Pré-projeto de Mestrado em Filosofia: O assassinato de Deus na visão de Nietzsche


O homem louco era a expressão velada da nova consciência que apontava para um vazio moral deixado paulatinamente pelo declínio religioso.
As coisas não possuem valor algum em si próprias; a falta de fé no sobrenatural era um reflexo distorcido  da nova maneira de se conceber o mundo.
“Agora o crime mais espantoso é blasfemar da Terra e dar mais valor às entranhas do insondável do que ao sentido da terra.” (Nietzsche, 2008, p.19)
Niilismo reativo –o cansaço dos menosprezadores representa neste contexto  o evento dramático na morte de Deus permanece inconsciente, abafada pela apatia dos que fingem que ainda creem em Deus, estes indivíduos são verdadeiros envenenadores.
Niilismo – destituição de valores supremos; falta o fim; falta a resposta ao por quê?
Tomar consciência do vazio deixado pela morte de Deus é a condição básica para reorganização do mundo nesta nova fase histórica.
A morte de Deus no contexto nietzschiano é sinônimo de “desorientação moral” que o mundo vivencia com o declínio do sagrado tradicional.
Para Heidegger a frase de Nietzsche “Deus está morto” não deve ser tomada como uma postura pessoal, ateia[...] A morte de Deus pode ser interpretada como desaparecimento da noção do além. Ela é a supressão da crença em outro mundo, transcedente ao nosso, este dualismo constitui um traço essencial e fundamental de nossa cultura. Esta depreciação do aqui e a valorização de um alhures podem se caracteriza naquilo que Nietzsche chamava de platonismo. (Simões, 2003, pp. 64-65)
Nietzsche usa o termo “Deus” quase sempre como um sinônimo de autoengano, uma espécie de obnubilação intelectual.
Quando a religião apontava para o além, como meta maior da nossa existência, isso era na verdade um atentado contra o lado forte da vida: Deus era uma bela máscara para o nada, no fundo outro nome dado a tudo que é fraco  e nos distancia da verdadeira vida.
Mas por que o homem aceitou durante tanto tempo esta terrível mentira sobre um ilusório além-mundo?
Nietzsche visa responder no campo da dualidade criada pela religião:
Que vantagens oferece a moral cristã?
R: Ela empresta ao homem um valor absoluto em contrapartida à sua pequenez e contingência na corrente do devir e do passar;
Serve aos advogados de Deus à medida que ele deixou ao mundo, apesar do sofrimento e do mal, o caráter de perfeição – computada aquela liberdade – o mal apareceu cheio de sentido;
Pôs um saber sobre os valores absolutos no homem e deu-lhe por consequente, justamente conhecimento adequado do mais importante;
Preveniu que o homem se desprezasse do conhecer;ela foi um meio de conservação.

Insumma: A moral foi o grande antídoto contra o niilismo prático e teorético. (Nietzsche, 2008, p.29)

Obs: Ainda redigindo e refletindo, trata-se apenas de um esboço o qual tenho passado noites a dentro refletindo e tentando implicar o quanto esta visão nietzschiana se faz presente de forma tão forte ainda nos dias de hoje.

Afinal até quando o homem irá responsabilizar-se pelos próprios atos e parar de culpar Deus por todos os seus descaminhos?

Por que criar tanta ilusão ao invés de correr atrás dos ideais?

(Pour Anna)