O homem louco era a expressão
velada da nova consciência que apontava para um vazio moral deixado
paulatinamente pelo declínio religioso.
As coisas não possuem valor
algum em si próprias; a falta de fé no sobrenatural era um reflexo
distorcido da nova maneira de se
conceber o mundo.
“Agora o crime mais
espantoso é blasfemar da Terra e dar mais valor às entranhas do insondável do
que ao sentido da terra.” (Nietzsche, 2008, p.19)
Niilismo
reativo –o cansaço dos menosprezadores representa neste contexto
o evento dramático na morte de Deus
permanece inconsciente, abafada pela apatia dos que fingem que ainda creem em
Deus, estes indivíduos são verdadeiros envenenadores.
Niilismo –
destituição de valores supremos; falta o fim; falta a resposta ao por quê?
Tomar consciência do vazio
deixado pela morte de Deus é a condição básica para reorganização do mundo
nesta nova fase histórica.
A morte de Deus no contexto
nietzschiano é sinônimo de “desorientação moral” que o mundo vivencia com o
declínio do sagrado tradicional.
Para Heidegger a frase de
Nietzsche “Deus está morto” não deve ser tomada como uma postura pessoal,
ateia[...] A morte de Deus pode ser interpretada como desaparecimento da noção
do além. Ela é a supressão da crença em outro mundo, transcedente ao nosso,
este dualismo constitui um traço essencial e fundamental de nossa cultura. Esta
depreciação do aqui e a valorização de um alhures podem se caracteriza naquilo
que Nietzsche chamava de platonismo. (Simões, 2003, pp. 64-65)
Nietzsche usa o termo “Deus”
quase sempre como um sinônimo de autoengano, uma espécie de obnubilação
intelectual.
Quando a religião apontava
para o além, como meta maior da nossa existência, isso era na verdade um
atentado contra o lado forte da vida: Deus era uma bela máscara para o nada, no
fundo outro nome dado a tudo que é fraco
e nos distancia da verdadeira vida.
Mas por que o homem aceitou
durante tanto tempo esta terrível mentira sobre um ilusório além-mundo?
Nietzsche visa responder no
campo da dualidade criada pela religião:
Que vantagens oferece a
moral cristã?
R: Ela empresta ao homem um
valor absoluto em contrapartida à sua pequenez e contingência na corrente do
devir e do passar;
Serve aos advogados de Deus
à medida que ele deixou ao mundo, apesar do sofrimento e do mal, o caráter de
perfeição – computada aquela liberdade – o mal apareceu cheio de sentido;
Pôs um saber sobre os
valores absolutos no homem e deu-lhe por consequente, justamente conhecimento
adequado do mais importante;
Preveniu que o homem se
desprezasse do conhecer;ela foi um meio de conservação.
Insumma: A moral foi o
grande antídoto contra o niilismo prático e teorético. (Nietzsche, 2008, p.29)
Obs: Ainda redigindo e refletindo, trata-se apenas de um esboço o qual tenho passado noites a dentro refletindo e tentando implicar o quanto esta visão nietzschiana se faz presente de forma tão forte ainda nos dias de hoje.
Afinal até quando o homem irá responsabilizar-se pelos próprios atos e parar de culpar Deus por todos os seus descaminhos?
Por que criar tanta ilusão ao invés de correr atrás dos ideais?
(Pour Anna)