Poesias e poemas de autoria própria


 Mar de desilusões

A ferida ainda aberta dói demais...
Enquanto dirijo em meio à tarde poluída
Da cidade grande, vou ouvindo uma sonata triste,
Que torna-se ainda mais triste com meu eu despedaçado.
O vidro fica entreaberto enquanto fumo minha tristeza, 
E aos poucos vai se mesclando com o céu acinzentado, de um cinza tão escuro...sinto-me culpada por aquilo.
Vem uma ventania repentina, que furiosa,
Bate com força na minha face entristecida e já envelhecida de tantos pesares.
E acordo com aquele tapa e pude ouvir o vento...
Que quase como um uivo sussurrava: acabou!
Não consegui conter minhas lágrimas....e afoguei-me num pranto diário e rotineiro.
Pensei comigo mesma...até a natureza está contra mim, o que posso fazer agora?
Queria voltar, mas não conseguia, esgotaram-se as forças.
Nadava, nadava em meu próprio mar de lágrimas,
Mas não conseguia subir à deriva, e a cada som ou palavra, afundava-me ainda mais.
Como não consigo sair deste mar que eu mesma criei, afinal?
Lembranças, passado e o presente, que agora também é passado....como?
Repentinamente, chegou uma tormenta e arrancou de mim o meu próprio reflexo.
Minha própria identidade...e com isso levou minha força, coragem, orgulho.
E tudo o que eu achava que tinha transformou-se em nada.
Atirei-me, sem pensar nas consequências trazidas pelo meu próprio mar.
Mas esqueci que era só meu, e fiquei sozinha, me afoguei e ninguém veio me salvar.

(Por Ana Paula L. madrugada de 07-06-2011 ouvindo Nocturno do Chopin)

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