segunda-feira, 20 de abril de 2015

Aleijado ou deficiente físico?

Há pouco tempo atrás, uma aluna perguntou-me se o termo "aleijado" era usado somente para aquelas pessoas que haviam perdido as pernas.
Então peguei-me numa incógnita, e fui pesquisar. Haja vista, que ao meu ver o termo "aleijado" seria apenas e tão somente para aqueles indivíduos que haviam perdido as pernas, diferentemente de "deficiência física", que abrangeria todo o restante dos membros.
Na pesquisa, descobri que a palavra aleijado quer dizer mutilado, estropiado ou paralítico, ou seja, a verdadeira definição seria a de uma pessoas com defeito físico gravíssimo com perda, mutilamento de um dos membros físicos.
Algumas pessoas utilizam-se do termo "portadoras de deficiência" ou "portadoras de necessidades especiais" para designar alguém com deficiência, no entanto, na maioria das vezes, desconhece-se que o uso de determinada terminologia pode reforçar a exclusão. 
Esclareço que o termo "portadores" implica em algo que se "porta", que é possível se desvencilhar tão logo se queira ou chegue-se a um destino e remete, ainda, a algo temporário, como portar um talão de cheques, portar um documento ou ser portador de uma doença. 
A deficiência, na maioria das vezes, é algo permanente, não cabendo o termo "portadores". Além disso, quando se rotula alguém como "portador de deficiência", nota-se que a deficiência passa a ser "a marca" principal da pessoa, em detrimento de sua condição humana.
Até os anos 80, utilizava-se termos como "aleijado", "defeituoso", "incapacitado", "inválido", desde então, passou a utilizar o termo "deficientes", por influência do Ano Internacional e da Década das Pessoas Deficientes, estabelecido pela ONU.
A partir de 1981 entraram em uso as expressões "pessoa portadora de deficiência" e "portadores de deficiência". 
Por volta da metade da década de 1990, a terminologia utilizada passou a ser "pessoas com deficiência", que permanece até hoje.
A diferença entre esta e as anteriores é simples: ressalta-se a pessoa à frente de sua deficiência, valorizando-as, acima de tudo, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais. 
Também em um determinado período acreditava-se como correto o termo "especiais" e sua derivação "pessoas com necessidades especiais". "Necessidades especiais" quem não as tem, tendo ou não deficiência? Essa terminologia veio na esteira das necessidades educacionais especiais de algumas crianças com deficiência, passando a ser utilizada em todas as circunstâncias, fora do ambiente escolar.
Não se rotula a pessoa pela sua característica física, visual, auditiva ou intelectual, mas reforça-se o indivíduo acima de suas restrições. 
A construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem, e na linguagem se expressa, voluntária ou involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com deficiência, basta nos lembrar que a pessoa com deficiência é antes de tudo, simplesmente uma pessoa.

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