domingo, 30 de junho de 2013

Depressão ou tristeza?





Historicamente depressão é um conceito que surgiu outro dia, na verdade trata-se de algo muito novo e desconhecido.
Por muito tempo era conhecida apenas por melancolia.
Você conhece alguém que não queira ser feliz? Soa bizarro não é mesmo?
Nossa vida gera angústia e tristeza que podem gerar uma depressão.
É grave pois estamos vulneráveis a esta doença rotulada como mal do século ou doença pós-moderna.
O risco é maior de cair no abismo ao passar das barreiras leves e adentrar numa depressão profunda e daí por diante o resultado terrível, mas real: 15% das pessoas com depressão grave cometem suicídio.
O medo da depressão e a busca incessante por felicidade fizeram muita gente fugir da tristeza.
Afinal quem quer estar triste ou estar perto de alguém que o esteja?
Isto impulsionou o desenvolvimentos dos remédios que na verdade não passam de placebos: criam uma realidade que não é o da pessoa, que passa a viver num mundo utópico.
Claro que este mercado farmacêutico gerou uma receita milhionária  e é certo que profissionais gananciosos numa sincronia perfeita de ganhos, esqueceram-se o protocolo e passaram a soltar receitas médicas de antidepressivos de “baciada” deixando os pacientes com uma felicidade criada, mascarada apenas e quando voltam os efeitos...pronto: mais remédio, mais dinheiro, enfim um mercado que sobrevive as custas de um ciclo vicioso do mundo moderno.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Indignação educacional e corrupção ABL - Academia Brasileira de Letras



Por que será que a educação do nosso país não vai para frente?
Qual o verdadeiro passado do mais novo membro da ABL? Será que as pessoas sabem tudo sobre o inteligentíssimo Fernando Henrique ou pelo menos se recordam do período em que ele esteve na presidência?

A cadeira 36 da ABL (Acadêmia Brasileira de Letras) já tem um novo dono: Fernando Henrique Cardoso
O ex-presidente da república tornou-se imortal na tarde de hoje – obtendo 34 votos entre os integrantes da instituição. A eleição aconteceu no Petit Trianon, sede da ABL, no Centro do Rio..
Bem se sabe que há uma manipulação de votos dentro da academia, cá entre nós.
A vaga agora ocupada por FHC estava aberta desde a morte do escritor e jornalista João de Scantimburgo – morto em 22 de março aos 97 anos. Outros 11 concorrentes disputavam a cadeira – entre eles, o poeta capixaba Eloi Ghio e o colunista social Jeff Thomas. No pleito, foram registradas 4 abstenções e uma falta.
"A grande obra de Fernando Henrique Cardoso de sociólogo e cientista dá ainda mais corpo à Academia", afirmou Marcos Vinicios Villaça, ex-presidente da ABL. 
Após a eleição, Fernando Henrique comemorou a escolha na Fundação Eva Klabin, na Lagoa (zona sul do Rio).
Me pergunto: será mais um dos membros da sociedade secreta "Iluminatis"?
Bom pelo menos uma coisa tem que ser dita em favor de Fernando Henrique, trata-se de um homem que diferente dos demais burgueses do Brasil; que são parte de uma sociedade deformada educacionalmente  culturalmente falando, e  partem da política da famosa "carteirada" ou do "sabe com quem você está falando?".
É um homem visionário e que aproveitou-se do dinheiro para se instruir.
Pena não ter usado de forma a ajudar o povo brasileiro.

Vida e Obra
Fernando Henrique foi presidente do Brasil entre 1995 e 2002 (Pergunto: o que o ilustríssimo fez pelo brasil???)
Doutor em Sociologia e Professor Emérito da USP (Universidade de São Paulo), ele tem trabalhos nas áreas de sociologia, ciência política, economia e relações internacionais.
O sociólogo já lecionou nas universidades de Stanford (EUA), Cambridge (Reino Unido) e Paris-Nanterre (França) – entre outras. Ao todo, sua obra reúne 23 livros e mais de 100 artigos acadêmicos. Além de Fernando Henrique, outro ex-presidente faz parte hoje da ABL: o maranhense José Sarney (Não tenho nem palavras para expressar meu asco por este outro homem - é o típico senhor feudal do pós-modernismo ou contemporâneo, como preferir - corrupções e mais corrupções estão escondidas na sombra de Sarney, mas vejam só que interessante a cultura do nosso povo, logo na base da nação que é a educação - o cara também é membro da ABL).
É por este entre outros motivos que dá vergonha de ser brasileira.
Por que o povo que foi para as ruas lutar não gritou sobre isso???
E a nossa educação como fica? Nas mãos destas pessoas?

Pour Anna

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Gramática Inglês: Future going to


Usa-se no tempo  futuro na gramática da língua inglesa “going to” para expressar algo que foi planejado e portanto irá certamente acontecer. 
O futuro com o “going to” se dá da seguinte forma: 

sujeito +  presente do verbo “to be” (am, is, are) + going to + verbo principal + complemento.

Ex:
I                   am               finally             going to    travel. (sujeito)                (verbo to be)                        (complemento)                        ( future)          (verbo principal)
 
(Eu finalmente irei viajar).
 
You are going to make... 
He is going to work...
 
FormaNegativa:

Acrescentar o “not” após o verbo “to be”.
 
I am not going to come...
She is not going to travel...
They are not going to present...

Forma Interrogativa: inversão  do verbo “to be”, colocando-o no início da frase.
 
Are you going to recite a poem?  
Is he going to come for our party? 

Importante:

O uso do “going to” com o verbo “to go” deve ser evitado. 

Ex: I am going to go to São Paulo next week.

Não está errado, mas é preferível usar o presente contínuo para expressar o futuro. Soa um tanto quanto "redundante".
Portanto use-o da seguinte forma:
 
Ex: I am going to São Paulo next week.


Gramática na língua Inglesa: uso de to e for


Já que to e for tem a mesma tradução em português "PARA"- detectei uma dificuldade quanto ao uso correto desta preposição dentro da língua inglesa.
De fato existem diferenças e para tal segue abaixo breve explicação de quando usá-la.

Usa-se to para:

•     Indicar movimento ou posição;
• Para endereçamentos, oferecimento, congratulações, dedicatórias;
•    Como sinônimo de until (= till). 
    Ex: I have classes at school from Monday to/till Friday. (Eu tenho aulas na escola de segunda à sexta).


A preposição for é usada para indicar:

Finalidade;
Tempo;

Favor ou benefício.

É usada também antes de pronome pessoal seguido ou não de infinitivo.


Seguem exemplos: 
Working is not for children. (Trabalhar não é para criança).

This medicine is for her to take twice a day. (Este remédio é para ela tomar duas vezes ao dia).

terça-feira, 25 de junho de 2013

Wolfsheim

Música para quem sabe o verdadeiro sentido da música...simplesmente maravilhoso. 
Dica da madrugada de chuva e frio.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dia de hoje


Nas sombras do desespero 
Esconde-se tristeza e desesperança
As luzes vão sumindo,
E a escuridão toma conta de tudo.
Perde-se a memória: quem sou?
A idade começa a pesar.
Mas você ainda se olha no espelho
E não enxerga que você
Não é mais você.
Mas os outros sabem
Não dizem.
Apenas olham, analisam.
Mas o que importa?
Apenas gostaria de um pouco de dignidade.
Sabe quando você sabe que é capaz
E sua capacidade vai se esvaindo
Junto a poeira da casa?
É lamentável.
A luta é uma constante
Entretanto em alguns momentos
A vida te seleciona
E te coloca para fora do sistema.
Um sistema massacrante
Enredado pelo egoísmo, desonestidade, despotismo.
Uma desumanidade travestida de humanidade.
Fala-se em Deus para se esconder o Demônio.
Simula-se atos de bondade,
Para cometer atos de maldade.
Estes são os seres humanos.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

E o povo acordou...



Apesar de alguns "baderneiros" infiltrados nos protestos houve uma maioria de pessoas que fizeram valer o ato democrático de direito e acordaram para seus direitos.
Confesso estar orgulhosa pela primeira vez de ser brasileira.
Parabéns ao povo que acordou. Antes tarde do que nunca.

Vários protestos provocavam interdições em vias importantes de São Paulo por volta das 20h10 desta quinta-feira. 
Entre as vias fechadas estavam a marginal Tietê, na zona norte, e a avenida Paulista, na região central. Neste último, o total de manifestantes era de cerca de 75 mil por volta das 19h30.
Na marginal Tietê, o grupo estava concentrado na pista local, na altura da ponte Orestes Quércia, no sentido Castello Branco. Os manifestantes chegou a fechar a pista expressa e a avenida Cruzeiro do Sul, mas esses trechos já estavam liberados por volta das 20h10, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
A avenida Paulista, que fechou por volta das 17h, permanecia bloqueada nos dois sentidos. Parte dos manifestantes que se concentram no local chegaram a seguir por parte da avenida 23 de Maio, mas ela foi liberada minutos depois. Já a rua da Consolação foi fechada, no sentido bairro, e permacia bloqueada por volta das 20h10.
Outras vias com protesto eram a avenida Professor Francisco D'Auria, nos dois sentidos, na avenida Senador Teotônio Vilela, no sentido centro, e no viaduto Raimundo Pereira de Magalhães, no sentido bairro.
 
O Movimento Passe Livre, que organiza parte dos protestos das últimas semanas, comemorou a redução de R$ 3,20 para R$ 3 na capital paulista, mas afirmou que agora vai lutar para conseguir tarifa zero no transporte público.
Ao anunciarem a redução, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) disseram que investimentos serão reduzidos.
Seguindo a cidade de São Paulo, outros municípios também decidiram reduzir as tarifas do transporte público, como as cidades do ABC, Guarulhos, Carapicuíba, Osasco, entre outras. Capitais de outros Estados também optaram pela redução, como Rio de Janeiro, Curitiba, Natal, Campo Grande, Belo Horizonte, entre outras. 

Comentário: Precisamos apenas nos atentar porque agora é capaz que sejam aumentadas outras tarifas para pagarmos no lugar do transporte público.
Mas creio que será mais complicado enganar o povo agora que despertou de um longo período de sono.
Será o início de um novo momento político?

terça-feira, 18 de junho de 2013

Aprendendo a viver



Esta manhã ao acordar com o céu ainda escuro...frio e nebuloso senti sua falta.
Mas quando pensei em derramar uma lágrima de saudade, senti um contentamento sem fim e sorri.
Pensei comigo mesma que minhas manhãs seriam bem melhores sem o canto do pássaro.
Meu silêncio agora estaria completo e misturaria-se apenas com o ronronar dos felinos que me cercam e os ruídos do trânsito da minha linda cidade de São Paulo.
Adeus siga tua vida. Com o tempo vai se aprendendo a viver e um dos aprendizados é o seguinte: amar é entender que nem sempre se deve manter alguém perto de ti, ao contrário desapegar-se da matéria e dar a  liberdade, este é o verdadeiro ato de amor ainda que venhas a sofrer.


Protestos e revolta pessoal


Notícia: "O dia em que 12 capitais brasileiras viraram palcos de protestos e mais de 230 mil pessoas foram às ruas pedirem mudanças no País ganhou destaque em alguns dos principais portais jornalísticos estrangeiros. Os veículos procuraram falar sobre as causas dos protestos e apontaram, quase sempre, a insatisfação com problemas sociais e com o alto custo das obras da Copa das Confederações e da Copa do Mundo"

Comentário: É sempre válido e permitido inclusive pela própria Constituição Federal do Brasil o ato de protestar.
No entanto o protesto válido é aquele com um ideal e quando se tem um ideal deve haver uma organização para tal.
O que ocorre no Brasil em geral é que não há esta organização e existem pessoas infiltradas que nem sabem na verdade o por que estão ali, mas estão porque querem fazer parte de um movimento que veio graças a internet e veja o mais irônico: muitos destes jovens "classe média alta" não sabem nem o que é pegar um ônibus lotado de verdade, moram em regiões nobres de São Paulo e demais cidades, enfim.
Me pergunto se não há uma confusão de ideais. Sempre que ocorre algum tipo de manifestação no nosso país passa-se o tempo, fica por isso mesmo e pronto daqui um pouco é esquecido e o resultado: transporte público que já é ruim ficando pior ainda porque a s próprias pessoas deterioraram, cidade suja porque picharam dizeres sociais  condizentes mas escrito incorretamente porque na verdade a nossa educação é uma "porcaria" entre outros absurdos mais.
Por que não é feito algo baseado na Revolução Francesa que iluminou o pensamento " libertè, igualitè e fraternitè" de liberdade, igualdade e fraternidade  e que desencadearam de fato através dos ideiais as ideias que são seguidas até os dias de hoje.
Por que ao invés do povo imitar os americanos em usos e costumes, já que não consegue ter seus próprios usos e costumes por vergonha, não imita o dos europeus, em especial  os da França e especialmente no que diz respeito aos atos sócio políticos?
A COPA? Oras é uma piada. Um país que não tem competência nem para controlar civilmente a população,violência, trânsito e educação consagrar um evento mundial.
De fato algo tinha que ser feito. Mas creio que antes de começarem a gastar nosso dinheiro como o estão fazendo.
Emprego??? Sim melhorou e tem aos montes sabem quais são as vagas e salários? Vagas de telemarketing e  pedreiros para atender e construir para os estrangeiros desfrutarem os prazeres do Brasil. Há os salários?
Para uma vida em São Paulo onde se vc sair para jantar uma noite num restaurante mediano e gasta-se em torno de R$200,00 e o salário mínimo é R$600,00 e alguns troquinhos, mais contas de água, luz, telefone há e não pode nem pensar de ficar doente senão morre! Porque o custo do remédio é ainda mais absurdo e a saúde pública é o próprio inferno de profissionais mau formados e mau pagos do mundo.
Gente precisamos acordar, mas não depois que já votamos errado; como está ocorrendo agora.
Deveríamos ter acordado no ato democrático de votar: movimento que deveria sido e organizado por este bando de jovens tecnológicos, sintéticos - "todos anulem seus votos" - vão ás escolas, em Brasília para mudar os candidatos, colocar uma nova geração de políticos para governar nosso país. Mas não! Votamos errado de novo, nas mesmas pessoas.
Vibramos quando o Brasil foi escolhido para COPA e esquecemos da nossa infraestrutura falida e deformada.
Gente acorda! Antes que seja tarde demais.
Não creio que seja motivo de orgulho o que está acontecendo, e sim como mais um motivo de vergonha para um pais como o  Brasil perante o mundo, e ainda pior para nós que somos parte de um povo sem cultura e ideais para lutar por algo que nós mesmos plantamos.
Isso precisa mudar: a visão, os ideias, a organização e os atos.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Análise do bem e do mal na obra literária Grande Sertão: Veredas




O principal alvo de análise na obra de Guimarães Rosa envereda-se por caminhos que nos levam muitas vezes a crer que o bem é o mal e o mal é o bem.
E quando nos questionamos a respeito deste enveredamento de sentimentos no decorrer da história, pensamos que talvez não tenha sido mero acaso o autor ter intitulado a história de “Grande Sertão: Veredas”.
Antes de adentrarmos no tema principal de nossa pesquisa, gostaríamos de falar um pouco mais sobre alguns aspectos desta grande obra brasileira.
A linguagem utilizada na obra é de uma originalidade singular e os padrões de escrita são diferenciados e tornam a leitura mais difícil.
Os gêneros literários são complicados de serem encontrados, pois além de ser uma obra longa está disposta sem a ordem disposta em capítulos que servem para ordenar,  e neste caso para identificar o tempo por exemplo, o que pode ser feito é separar alguns fatos mais importantes, marcantes no enredo.
Ocorre um diálogo entre o personagem Riobaldo e o interlocutor não manifestado diretamente de forma que só é possível a identificação pelos comentários do próprio Riobaldo.
Ao olharmos para este diálogo na obra cabe citar a seguinte fala de Backthin:
“O romance caracteriza-se pela consciência do dialogismo, pelo trabalho sistemático com o jogo de vozes simultâneas num mesmo enunciado.”
Podemos considerar o texto de Guimarães Rosa anti-aristotélico por tratar-se  de uma descrição variada de situações as quais o sertanejo expressa uma ignorância da realidade, além de ser um local palpérrimo que é o sertão, tratando de uma deformação presente no Brasil.
E mais uma vez cabe citar uma fala do autor russo Backthin:
“A poética de Aristóteles, bem como as outras, apesar de todas as diferenças e nuances expressam as mesmas forças centrípetas da vida social, linguística e ideológica, servem  a mesma tarefa de centralização e unificação das línguas européias”.
Para cada tempo, cultura e espaço defende-se uma determinada ideologia e que a intenção sempre consiste a mesma que é manter o seu poder sobre os outros.
Esta obra tem uma característica polissêmica de muita importância, pois é a partir deste ponto que buscamos os vários sentidos e significados que podem vir a ser encontrados e com isso tomarmos nossas próprias conclusões.
O autor Antonio Candido fala a respeito da obra Grande Sertão: Veredas como sendo um “...desses raros momentos em que a nossa realidade particular brasileira se transforma em substância universal.” (CANDIDO,2002, p.192)

Refere-se à Guimarães Rosa com tanto entusiasmo porque na obra são consagradas  questões universais que afligem o ser humano, fazendo-o refletir sobre questões existenciais como os limites entre o bem e o mal e Deus e o diabo.
Para explicarmos melhor esta questão, basta percebermos a ligação que as pessoas fazem de figuras míticas com sentimentos, por exemplo o bem representado por Deus e o mal pelo Diabo.
A própria palavra diabo vem da raiz latina diavolo que quer dizer aquele que se divide em dois.
Partindo desta origem dicotômica o Diabo pode representar tanto o mal quanto o bem, sendo que o mal ou o bem ora representados irá depender da visão de cada um.
Sob o domínio das sombras eclode um diálogo interno dentro das pessoas que as partem ao meio, fazendo com que elas fiquem divididas, jogadas de um lado para o outro em meio a uma avalanche de secura do sertão e dentro de si mesmas.
O enredo de Guimarães Rosa coloca dúvidas o tempo todo a este respeito e mostra situações em que aquele que comete crimes pode ser ao mesmo tempo bom e mau.
Tais denominações representadas por Deus e o Diabo não vieram do nada.
O drama descrito na bíblia como a queda dos anjos, quando Satanás é jogado no abismo e sofre como um cão pela perda do amor de Deus e da felicidade divina, acontece no decorrer do contexto da obra de Guimarães: por um momento o mal toma conta da alma do personagem, afastando-o da bondade, da alegria, isto é quando se afastavam de Deus que é sinônimo de bem no enredo, aproxima-se do diabo sinônimo do mal, jogando-os num mundo de conflitos e sofrimento.
Temos que nos lembrar que a literatura brasileira para se constituir terá sempre um sentido ideológico europeu, portanto sempre existirá uma influência estrangeira muito forte.
Mas em dado momento a nossa literatura adquiriu consciência da realidade, ou seja da circunstância de ser algo diverso da portuguesa, depois da independência; e isto ocorreu a princípio, mais de um desejo ou ato consciente da vontade, que da verificação objetiva de um estado das coisas.
Neste sentido Antonio Candido fez a seguinte colocação:
“O Brasil tem uma natureza e uma população diferentes das de Portugal, e acaba de mostrar que possui também, uma organização política diferente; a literatura é relativa ao meio físico e humano; logo o Brasil tem uma literatura própria, diferente da de Portugal.”(p.177)
A partir deste momento é que se trouxe a grande hipótese de trabalho dos românticos que a elegeram como uma espécie de dogma: “ser bom literariamente, significava ser brasileiro; ser brasileiro significava incluir nas obras o que havia de específico no país, notadamente a paisagem.” – sabiamente dita quanto à estrutura e função histórica da Literatura. (CANDIDO.p.178)
Logicamente que Guimarães adquiriu esta consciência de “ser brasileiro” haja vista que o espaço usado em sua obra é o sertão, e nada mais nacional do que mostrar a parte sofrida do seu país em conjunto com todas as características de dor e sofrimento de viver em terras secas e esquecidas pelo Estado e por Deus, diga-se de passagem.
O grande pesquisador e teórico literário Antonio Candido enfatiza que “do ponto de vista metodológico” pode-se concluir que o estudo da função histórico-literária de uma obra só é adquirida em pleno significado quando referida intimamente à sua estrutura.
No entanto, ainda que não esteja aparente, sempre haverá algo implícito na obra que traga uma sombra europeia, e isso trata de um parâmetro histórico dos povos.
Apesar de o autor demonstrar as mazelas sofridas pelo sertanejo no espaço sertão, ao estudarmos com mais profundidade os detalhes ocultos no discorrer da narração perceberemos aspectos históricos e culturais advindos de costumes estrangeiros muito fortes, como nas diversas passagens  da obra em que se clama por Deus e se teme o Diabo.
Ao questionarmos o surgimento de tais denominações míticas, adentramos numa época da história que a igreja católica enquanto detentora do poder impunha valores e padrões religiosos, julgando de acordo como os próprios interesses o que era considerado bem e o que era considerado mal, sem aceitação de demais opiniões, inclusive o período conhecido como “idade das trevas” o qual muitos inocentes julgados pela santa inquisição como praticantes de bruxaria, ora surgida do mal e filhos do Demônio morreram injustamente.
Logo no início da obra temos o seguinte trecho:
“Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja.” (p.23)
A presença de Deus é invocada pelo sertanejo para trazer-lhe uma espécie de segurança em meio à violência daquele lugar e para aquele homem, talvez seja o único alento que pode ter.
Segue o trecho:
“Como não ter Deus?Com Deus existindo tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve.” (p.76)
O sertão é um lugar por si só ruim, pois além das terras secas e inférteis é permeado por criminosos que fazem o que querem e escrevem sua própria lei: a lei do mais forte.
Há um trecho da obra que diz o seguinte:
“...sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos, onde um pode torar dez, quinze léguas sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade.” (p.24)
A situação no local pela secura do solo e do povo que ali habita chega num ponto que pode ser facilmente comparada ao inferno. Neste sentido o mal está certamente colocado.
O aspecto percebido nesta situação  e em outras que serão citadas mais adiante é a visão do mal para quem está olhando de fora e a visão daquele que está praticando o ato: são distintas e conflitantes.
Oras para o criminoso que está a praticar o delito, sabe-se lá o motivo do comportamento que o levou a fazê-lo? E tratando-se das condições de sobrevida do sertão, claramente que não é das melhores. Neste caso a ação praticada pelo infrator é má até que ponto?
Segue mais um trecho:
“Quase todo mais grave criminoso feroz, sempre é muito bom marido, bom filho, bom pai, e é bom amigo-de-seus-amigos! Sei desses. Só que tem os depois – e Deus, junto.”(p.p. 27 e 28)
O duelo existente entre o bem e o mal presentes e gerando diversas concepções afinal mesmo o indivíduo sendo criminoso é visto pelos entes queridos e amigos como um bom homem e portanto tem consigo a presença de Deus.
É uma visão perturbadora de imaginar, mas a realidade é bem esta demonstrada neste trecho da obra, antemão lembrando-nos de que valores comportamentais são impostos na sociedade e parâmetros sociais que denominam o que é crime ou não dialogam com o que é bem e o que é mal.
Nossa vida é violentada porque somos parte de uma sociedade panóptica e ao que nos  parece nada podemos fazer há não ser sofrer por termos a consciência de que somos vigiados pelo sistema governamental o tempo todo e este mesmo sistema é aquele que cria normas e leis nos obrigando a segui-los.
O estado democrático de direito não passa de uma utopia criada pelo sistema para nos manipular.
O livro de Guimarães Rosa veio para denunciar de maneira categórica as questões do sertão e demais violências sofridas pelo povo brasileiro que vive nesta parte do Brasil, mas pelas situações verídicas, sabiamente colocadas pelo autor no enredo da história o estado democrático de direito não se faz valer naquelas terras. As leis são feitas pelos mais fortes da região bem como a punição e tudo mais que caminha paralelamente com as questões do bem e do mal as quais tratamos nesta análise.
E mais do que isso, para o autor da ação criminosa que “vive seu cristo-jesus” sem a coerção de autoridade competente no local quem de fato pratica o bem e o mal perante a situação vivida no sertão?
É expressada tanta dor por parte do sertanejo local pela vida difícil que têm que o leva a questionar profundamente a vida e a morte.
“Ah, medo tenho não é de ver a morte, mas de ver nascimento. Medo, mistério.” (p.76)
Segue outro trecho muito importante e que abre muitas indagações:
“O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo.” (p.76)
A ideia do filósofo Tomas Hobbes quando diz que “o homem é lobo do homem” cabe muito bem na fala acima citada.
Entende-se que o mal representado pelo figura do diabo está ali o tempo todo por natureza da própria situação das pessoas e do lugar e que mesmo não sendo visto, sabe-se da sua presença.
Mas o interessante é mesmo a analogia feita quando ele diz “o que não é Deus, é estado do demônio” que ao nosso ver expressa perfeitamente o paralelo entre o bem e o mal.
Também temos um grande filósofo alemão chamado Friederich Nieztche que tece diversas ideias acerca desta questão.
Em sua obra “Assim falou Zaratustra” ele questiona o ócio de Deus como sendo o próprio diabo: “Teologicamente falando — escutai, não é fato comum que eu adote a voz do teólogo! — foi deus mesmo que, acabado seu trabalho e assumida a forma de serpente pôs-se ao pé da ciência— assim descansou do cansaço de ser Deus. Fez bem... O diabo nada mais é que o ócio de deus a cada sete dias...”

Nieztche propôs o conceito do niilismo libertador. [1]
Além disso ao contrário do que se diz por aí o autor não matou Deus, apenas retratou a religião como sendo manipuladora e reguladora das normas da vida dos indivíduos e  propôs uma ética niilista vinculada ao que posteriormente seria a junção de uma  teoria chamada de práxis.[2]
A verdade Nieztche é cético e toda a perspectiva dos seus escritos conflita a existência de Deus e Diabo, sendo tudo explicado através da ciência.
Em consonância com as ideias do filósofo alemão e temos o comunista Karl Marx.
No momento em que a ética tornou-se relativa e sofreu interferência dos aspectos humanos surgiu a necessidade de uma teorização e racionalidade.
Ao estudar a realidade demonstra-se as contradições do sistema capitalista e seguindo o que prega esta frase de Marx, mais uma vez podemos dialogar com os sentimentos opostos bem e mal que nada mais são do que imposições comportamentais nomenclaturadas pelo poder  e que faz uso do seu poderio para nos controlar e punir.
Uma frase dita pelo comunista e que de fato é verídica é que “uma revolução só acontece quando os indivíduos vivem a contradição”.
E mais uma vez nos deparamos com as mais diversas contradições ocorridas na obra de Guimarães quando a superstição que gira em torno da existência do demônio e ao mesmo tempo negar que ele exista, segue o trecho:
“Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi.” (p.26)
A finalização da história concretiza-se com a seguinte fala:
“O diabo não há! É o que eu digo, se for...Existe é homem humano.” (p.624)
Ao terminar sua obra com esta passagem ficou clara a ideia de que o homem é o próprio mau em sua essência e que portanto a figura diabólica não passou de uma representação utilizada para amedrontar os mais ignorantes.
“Nada mais importante para chamar atenção sobre uma verdade do que exagerá-la.”(CANDIDO.p.13)
Guimarães Rosa ao escrever o “Grande Sertão: Veredas” seguiu à risca esta fala de Antonio Candido, pois além de denunciar uma realidade triste e esquecida pelo país, exagerou nos detalhes das questões bem e mal representadas por Deus e o diabo, e muitas vezes até mesmo por figuras animalescas, sempre dando ênfase no clamor, crença e agonia do homem do início ao fim da obra.
E retomar o conceito negativo sobre o ser humano defendido pelo filósofo Hobbes quando diz que o “homem é mau por natureza”.
O sertão dentro da obra é a própria representação do mundo em paralelo com o bem e o mal: caótico e submerso no oceano profundo do esquecimento.

Pour Anna



quinta-feira, 13 de junho de 2013

"Minha querida Anne Frank"

Trata-se de mais um filme sobre os horrores vivido na época da segunda guerra mundial.
O pai de Anne começa narrando a história,baseada em fatos reais.
Anne adorava escrever e por conta desta paixão relatou sua vida até os 15 (quinze) anos mais ou menos.
Queria ser escritora quando virasse adulta. Apenas um dos seus sonhos realizou-se: ser escritora.
Já o de ser adulta, infelizmente os alemães nazistas não deixaram acontecer.
Chorei muito ao assistir o filme e ainda mais por saber qual o grau da maldade que pode chegar o ser humano por conta do poder.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

A liberdade do pássaro azul




Estava triste e minha tristeza era tanta que não cabia mais ali dentro.
Precisava apenas de uma chance para correr dali e berrava por dentro; ensurdecia com grunidos, gemidos mas ninguém me ouvia, e quando ouvia se encantava acreditando ser um som de alegria.
Todavia apenas a morte eu queria. Mas ninguém sabia  nem eu próprio, pois aprisionado, sabe-se lá há quanto tempo, já não mais sabia o que era de fato liberdade.
Será que ainda sabia voar? Bom acreditava que sim uma vez que fui contemplado por belas penas azuis, mescladas em tom mais claro e escuro, pintinhas pretas esfumaçadas de branco.
Apenas pude mesmo me ver porque ganhei dos meus algozes uma espécie de baguá em formato de espelho, que diziam por aí que espantava o mal olhado e inveja das pessoas, crendices.
Mas o objeto pouco tempo durou, já que meu estresse fez com que eu o bicasse até desmanchá-lo, juntando-o ao jornal molhado e sujo de alpiste no piso mais fundo da gaiola-prisão.
Por vezes aquele ambiente de cárcere, tornava-se insuportável: sujo e mal cheiroso. Dias a dentro e noites à fora,  e quando frio muito frio e calor muito calor.
Nos momentos difíceis de quedas de temperatura, encolhia-me junto à minha companheira, única nas horas angustiantes, mas que também passou a isolar-se de mim.
Falando um pouco dela: periquita amarela, geniosa e dona de si, sempre deixava-me de lado e preferia isolar-se.
Ainda mais quando ganhamos uma nova prisão com um cômodo-caixa de madeira novo.
Isto sim tornou-nos ainda mais distantes, agora sim ela não precisava mais do meu afago, bastava entrar ali na caixinha e pronto, estaria aconchegada e aquecida. Não me deixava nem chegar perto, me esquecia, sentia-me algumas vezes, como um peixe fora d’água, sabe aquele tal de “Beta” que está fadado a viver sozinho?
Pronto passei a me questionar, refletir: o por que da minha existência?
Por que eu não podia bater minhas asas como os pássaros que voavam no céu cinzento, mas que mesmo não sendo céu azul, era o céu...por que?
Por que eu tive que nascer encarceirado? Não sou afinal parte da natureza? Mas que natureza?
Fiquei confuso comigo mesmo e não conseguia encontrar respostas para tantas perguntas.
O que eu era afinal? Por que pensava tanto já que era um pássaro?
Será que era um pássaro, gato, prisioneiro, bichinho de estimação?
Não sabia mesmo. Sabia apenas que de vez em quando me chamavam de “Azuzinho”.
Nossa seria alguma espécie em extinção ou uma forma carinhosa, talvez um código secreto dos humanos? Não sabia ao certo, mas sabia que não estava feliz.
Na verdade nunca estive realmente feliz, nem sabia o que era felicidade
Não conseguia cantarolar mais.
Então amanheceu o dia...que poderia ter sido apenas mais um dia entre tantos outros que se passaram, mas naquela manhã em especial eu consegui ver uma luz.
Será que teria coragem de fazer a travessia?
Então foi raiando o sol e em meio às sombras da cidade grande sob buzinas, sirenes  e fumaça: paisagem do caos que deliciava meus olhinhos todos os dias naquela varanda de apartamento.
Estudava e fazia barulhos para ver se minha companheira saía de sua caixa, talvez se aventurasse comigo. Mas nada, ela apenas ficava ali, indiferente. E só quando precisava me procurava para o nosso namorico de “piolhinho”.
O que é este tal de “piolhinho”? Oras é uma espécie de carinho o qual  um passarinho bica a nuca do outro. É coisa linda de se ver e sentir: o verdadeiro ato de amor.

Me lancei e fui pulando até a portinha estreita. Pronto saí, nada mais tinha a perder. Naquele momento era eu e o mundo lá fora. Nada mais me importava.
Mas de repente eis que fui abocanhado por um gato astuto, que mais parecia um demônio: todo preto e com os olhos em faíscas vermelhas.
O cão ou melhor gato, saltou e me pegou no alto de uma telinha. Fiquei ali como se fosse uma mosca presa na teia, entreguei-me e acreditei que fosse meu fim. Morri.
Não! Fui salvo por um dos meus algozes de dentro da boca do capa preta. Então voei um pouco mais alto e parei na tela de proteção.
Fiquei pensando enquanto olhava para aquele ser humano...
Por alguns minutos pensei em voltar e deixá-lo me prender novamente. Lembrei que conversávamos muitas vezes, inclusive  numa linguagem transmitida por assovios falhos, também de algumas mudanças, alimentação fácil, fotos de família. Ouvia muita música boa, bonita de se ouvir e carinho, pelo menos parecia-me sê-lo.
Mas cai em mim quando percebi, que mesmo com tanta expressão de carinho aquilo tudo não passava de egoísmo humanístico.
Oras eu era mesmo um prisioneiro, um bicho de estimação e portanto, objeto de satisfação e vaidade humana.
Tudo parte de uma utopia ora criada pelo homem e ora por eu mesmo: pássaro azul.
Será que eu fui criado por Deus? Mas que Deus é este que deixa um filho da natureza preso desde que nasceu?
Não sou eu parte da história famosa da Arca de Noé?
Pronto estava na hora, tive que pensar e agir rápido. Nem mesmo calculei e quando a gaiola veio até mim de portas abertas para receber-me, passei pelo buraquinho da tela, e olha só que surpresa: voei e quando percebi que podia fazê-lo, bati ainda com mais força minhas lindas penugens azuis e fui o mais alto que pudi. Não cai e nem esmoreci. Continuei.
Mas será que estava na direção certa? Quando iria parar?
Não sabia ao certo. Mas algo importante e precioso eu tinha consciência: acabara de conquistar a liberdade.
Acreditava jamais encontrá-la, e se na gaiola-cárcere estivesse, não poderia jamais saber se realmente minhas belas asinhas azuis funcionariam.
Vejam só como esta vida nos ensina por caminhos tortuosos e difíceis: um erro de esquecimento, cometido por um dos meus algozes, me fez fugir e encontrar minha vida ou que seja, a morte.
Mas ainda que sinta por pouco tempo a liberdade, já que não sei se sobreviverei nesta selva de pedras, ainda assim, terá valido à pena, porque senti.
E senti que sou pássaro livre, fruto da natureza, e que fui periquito “Azuzinho” preso pelo egoísmo humano.
Enfim se o caminho que escolhi me levou para a vida ou morte, pouco importa. O que vale mesmo é que estou livre. 


(Em memória do periquito azul fugido da varanda de uma apartamento no bairro do Tatuapé em São Paulo – Sinto falta e fico triste pelo ocorrido, mas feliz porque consegui entender o que aconteceu de forma mais profunda e ouvi o clamor do lindo pássaro azul)