Sabemos que a situação é grave, pois envolve milhares de vidas no mundo todo que correm risco de iminente face a um vírus batizado como COVID-19 ou Coronavírus.
Contudo há de se ter cautela, uma vez que envolve muitas outras questões econômicas, sociais e políticas.
Não deve ser fácil para um líder direcionar tamanho problema, portanto temos de ter paciência e tentar pensar não só com o coração, mas também com a razão: trata-se de um momento atípico.
Para aqueles, que como eu, estão vivendo este momento de pandemia no qual temos diversas situações e pessoas agindo e respondendo de formas diferentes, uma fator é comum a todos: o medo.
E este medo que nos acomete é não só de adoecermos fisicamente, mas também de vermos nossos entes queridos, amigos, filhos, avós, pais, mães, maridos, esposas serem levados por esta doença tão pequena, mas de proporções tão grandes e desconhecidas até a morte.
Tenho lembrado constantemente nestes dias de quase quarentena, dos tempos passados, estou falando de um ano atrás em que assistia filmes de ficção apocalípticos e até mesmo de zumbis e que parecia tão distante de uma possível realidade, mas que hoje, exatamente do dia 23 de março de 2020,parece tão real e possível e fato: está acontecendo, a ficção tornou-se realidade.
Certamente que cineastas e roteiristas dirão que sempre imaginaram que um dia poderia acontecer um surto pandêmico ou algo do gênero afetando o mundo, porém até mesmo para estes entendidos do assunto a vida real é bem mais assustadora.
Penso que ao fim deste processo de tantas agruras e dificuldades, alguns sairão mais fortes,outros surtarão e infelizmente uns nem irão sobreviver para contar história.
Chego a pensar que algo superior a força do homem gritou: chega!
Então o mundo teve que desacelerar obrigatoriamente: grandes centros urbanos com pessoas indo e vindo de seus trabalhos, sem tempo para família, sempre pensando em trabalho e mais trabalho para poder pagar contas e dar uma vida melhor para os seus. Mas parem pra pensar...dinheiro e mais dinheiro servindo para pagar contas, para ter uma vida melhor, contudo muitas vezes, sem tempo para usufruir de suas conquistas.
Quantas e quantas vezes, deixei de ir num encontro "chato" de família, coisa de uma, duas horas do meu sábado ou domingo, porque tinha que trabalhar em casa ou ir ao mercado, enfim. Quantas e quantas vezes?
Pois é, tem duas semanas que não posso ver meus pais, avó e filho pessoalmente, dar um abraço, um beijo.
Confesso que chorei ao telefone, quando vi minha vozinha de 83 anos chorando de saudades, meu filho, minha mãe, meu pai. Até o coração mais duro, bate forte e com a culpa pesada dos tempos modernos.
E aí volto, o mundo teve que parar, para perceber o quanto estamos agindo errado. Não estou dizendo, longe de mim, que trabalhar é errado, mas que devemos priorizar sentimentos, pessoas que amamos e principalmente, que nos querem bem.
É lógico que existe por aí pessoas que quando podem não estão juntas porque simplesmente não quem ou preferem a companhia de outras, a estes não adianta lástimas, até porque nem existe este apreço, então por favor, não seja um falso moralista!
Há também aqueles que fizeram parte de sua vida no passado, brincaram com teu sentimento e teu respeito, e repentinamente resolvem ressurgir dos mortos para perturbar a sua vida...então, mais uma vez, peço ao homem de boa fé: cautela!
Este é um momento de transformação, que devemos prestar ainda mais atenção para aqueles que estão do nosso lado, ainda que não fisicamente, mas que no coração, na alma, que verdadeiramente querem de fato nosso bem. Devemos valorizar cada detalhe de cuidado, cada gesto de carinho do outro que se preocupa conosco.
A vaidade, beleza estética é ponto importante para o ser humano? Claro que sim. Mas não deve ser maior do que a essência do respeito e do amor verdadeiro.
Paixões passam, o amor fica.
Com o tempo as pessoas hão de entender o que estou falando...mas só o tempo que traz consigo rugas e cabelos brancos, as farão entender.
Contudo, o isolamento social tem este lado bom que é o de parar e pensar em quem eu sou, como estou agindo e o que deixarei de bom neste mundo: quero deixar boas ações e boas lembranças naqueles que me amam e que eu amo ou quero deixar minha imagem linda mas de mau caráter?
Devemos rever o nosso papel social mas sobretudo espiritual.
Não é fácil conseguir lidar com tantas coisas disponíveis neste mundo atual...a falsidade, a imoralidade, entram online através de sites sociais, whatsapp, celulares, entre outros meios. Mas temos que ter firmeza de coração, de caráter e pensar naquilo de bom que somos e conquistamos.
Sou grata a vida pelo ser humano íntegro que sou hoje, mas ainda erro muito comigo mesma, sabendo que preciso melhorar.
Mas creio que com o próximo, consegui chegar no que queria: integridade completa e inquestionável.
Ao fim desta pandemia, penso que como em fatos históricos passados, chegaremos numa espécie de Iluminismo contemporâneo.
Outrora quando houve o surto da peste negra dizimando milhares e milhares de pessoas e que durou um bom tempo teve sua finalização então a época negra foi iluminada, com novas tecnologias para época, novas formas de organizar a sociedade, nova mentalidade das pessoas.
Desta forma acredito que este momento histórico do qual fazemos parte, também passará ainda por momentos difíceis de diversas maneiras, mas que ao fim teremos um aprendizado.
Espero poder contar esta história para outras pessoas no futuro e dizer a elas como enfrentamos tudo e tivemos sucesso.
Este foi um desabafo, mas também um alerta para que as pessoas reflitam que ações geram reações, portanto cuidem de quem vocês amam.
Por Ana Paula Lacalendola
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