O cinza sombrio deste dia chuvoso
Perpetua-se hoje em meu âmago.
Enquanto lhe tinha como honroso dirigente,
Das minha idas e vindas, outrora latentes,
Por caminhos breves, porém tortuosos desta cidade tão doente.
Até mesmo quando caíamos juntos
Nos profundos buracos do descaso e da solidão,
Deixávamos soar um grilar pneumático
Somado ao desabafo choroso e doído
De um sistema precário e falido.
Mas sempre e sempre unidos, ainda que aos prantos e ruídos...
Hoje porém, nesta singular quarta-feira de cinzas,
Tive que deixá-lo, ali, solitário, no limbo mecânico da dor.
Cabisbaixa e em lentos passos retornei à nossa morada.
Senti-me como que um pássaro quando corta-se as asas impedindo-o de voar.
Então vaguei até a varanda deixando gotejar em minha face triste...
Observando o seu lugar vazio, alagado pela água da chuva,
Misturando-se por vezes, às minhas lágrimas, preocupadas por ti, mon Passion.
(Poema escrito por mim Ana Paula Lacalendola em 26/01/2020)
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