De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Não sei nem como descrever a profundidade destas águas de poesia que este ezímeo poeta nos proporcionou.
No entanto confunde-me a mente, e não sei ao certo se as palavras agrupadas numa intensidade de sentimentos transformam-se em música...
Soa-me neste soneto tanta dor do mal que o tempo marcado por "De repente" uma surpresa triste daquilo que um dia foi certo, e que abruptamente já não é mais.
Então a nossa vida não está permeada de "de repentes"?
O amor que de repente vira ódio...a alegria que de repente vira tristeza...a presença que de repente virá ausência.
Finalizo agora, não mais do que de repente que somos isso...uma utopia lançada pelo tempo e que ora está de um jeito, ora de outro, mas nada é certo, afinal.
De repente tudo acaba, mas quando de fato começa?
Pour Ana Paula L.
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