terça-feira, 19 de junho de 2012

Eu comigo mesmo



O filósofo de origem indiana diz que quem comanda nossa vida é o nosso cérebro, que estabelece uma relação deturpada entre quem observa e a coisa observada.
Ao estabelecer essa divisão, a pessoa perde a capacidade de ver, pois o lado de fora está sempre em movimento e o de dentro parado, criando uma divisão entre o fato e a versão.
Segundo ele, nossa mente é entorpecida, viciada e só consegue analisar os fatos com nossas perspectivas passadas.
Krishnamurti não estabelece um método (tem horror a eles), pois acha que qualquer metodologia serve para nublar a mente.
O importante é apenas olhar como olhamos.
ao invés de procurar olhar para fora, olhar para como olhamos, que seria uma forma de acalmar esse “ser que olha que é e, ao mesmo tempo, não nos representa”.
E assim conseguir ver diretamente, ou o mais diretamente possível.
O simples exercício de estabelecer essa divisão:
  • Alguém que olha por mim;
  • O olhar sobre esse que olha por mim, nos acalma;
  • E nos permite, de algum ponto intermediário, ver, de novo, o novo.
Teríamos a possibilidade de criar um vão entre o trem a plataforma. 
Admitimos, assim, que somos, na verdade dois: um que olha automaticamente e pilota nossa vida – que muitos chamam de ego,  piloto automático, caixa; E outro dentro de nós, que olharia para esse de fora – vou chamar esse conflito de embate permanente entre o falso e o verdadeiro-eu.
Apenas um embate sem vencedor.
Talvez, sejamos o resultado dessa luta – com um vencedor a cada minuto, hora, dia, semana, mês, ano, década, vida, enfim.
Somos mais ou menos eu mesmo a cada dia, sabendo sempre que nunca seremos totalmente o verdadeiro-eu o o falso.
Somos a luta e a taxa possível entre estes dois.
Tal ideia da divisão humana entre dois seres (um que olha por nós e outro que deveria olhar o que olha) e a harmonia dessa relação nos daria uma pista do que seria o amadurecimento.
Amadurecer seria a capacidade de perceber (de dentro para fora) como os condicionamentos da sociedade se armazenaram e como são ativados, em que circunstâncias para que possamos desarmá-los.
Tal exercício permanente nos permitira ver o mundo de forma diferente e não mais sempre com olhos do passado, dogmaticamente.
Impedindo de ver de novo, o sempre novo, a partir da ideia de que o rio nunca para de correr.
Muitos consideram que esse “pilotice” automática é algo inerente ao ser humano e irrreversível.
São nossas neuroses, nosso círculo vicioso, que poderia ser mais ou menos consciente, intenso, a nos levar a cometer mais ou menos insanidades.
Seríamos sempre guiados pelos nosso condicionamentos, que nos ajudaram e ajudam a sobreviver.
A sociedade é conservadora para sobreviver – um conjunto de falso-eus ambulantes.
(Será que aquele filme Zumbilânida é uma sátira a isso?)
Nascer e ser civilizado tem um preço, que nos leva a reprimir e criar uma máscara social para recebermos lascas de amor.
Portanto, não somos amados pelo que somos, mas pelos que os outros gostariam que nós fôssemos. Viramos o que as pessoas querem, apesar da raiva e dos problemas que isso causa nas nossas vidas.
Reflexão:
Ao termos uma oportunidade da vida e pararmos e olharmos para nós mesmos, conseguimos reparar algum erro que poderia ser fatal no futuro.
Devemos em todas as atitudes olhar no espelho e vermos no nosso reflexo, o quanto somos responsáveis por tudo o que somos, temos.
Desta forma paramos de culpar o destino pelas nossas desgraças, e passamos a tentar lutar para conquistar os nossos ideais e sonhos.



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