sábado, 13 de setembro de 2014

Solitário - Por Augusto dos Anjos



Como um fantasma que se refugia

Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me á tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta.
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços -
Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!

Um dos poetas brasileiro favoritos, traz em seus escritos toda angústia, dor e depressão, que as vezes parece escrever receitas, ensinando o caminho da tristeza.
Augusto dos Anjos escreveu suas obras num momento de transição, um pouco antes da virada modernista de 22, representando o sincretismo entre o parnasianismo e o simbolismo.
Existem mais obras, uma melhor do que a outra no gênero, vale a pena pesquisar.

Enjoy it!

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