Esta piada curta, mas
com teor muito bom para reflexão ideológica, nos possibilita pensar acerca do
processo discursivo.
Evidencia uma atitude
intelectual do autor que produz texto com uma postura reflexiva e consciente.
Destacando o papel do
linguista que é explicar, não o porquê do humor, mas sim, como acontece este
humor, trabalhando com aquilo que os outros se divertem, analisando e
descrevendo os fenômenos linguísticos no processo de criação e interpretação do
texto, que provoca o riso.
Serve a uma ideologia,
e os sujeitos envolvidos no discurso humorístico são tomados pela inconsciência
inerente ao processo de assujeitamento ideológico, pelo qual passam todos os
sujeitos do discurso.
O erro (roubo dos
cofres públicos) é uma das forma mais simples de se inventar estórias cômicas.
Também destaca-se aqui
um dos estereótipos , neste caso, “todo político ser corrupto”.
Temos 3 personagens (sujeitos)
neste discurso (piada). Sendo que um deles é o político Ricardo Teixeira,
acusado de corrupção e livre das grades da cadeia por conta de problemas de
saúde, ora alegados por ele, e dois amigos que conversam sobre o político.
Percebe-se no diálogo
entre os dois sujeitos (amigos), certa ironia, ao falarem sobre o fato do
afastamento de Ricardo Teixeira por motivos médicos, fato este, que fica ainda
mais claro, quando o segundo personagem (amigo) responde ao colega que o
político afastou-se por conta de uma dor na coluna, demonstrando na imagem, o
próprio Ricardo Teixeira carregando um saco enorme de dinheiro nas costas, certamente
por este motivo é que doía a coluna do pobre coitado.
Esta piada nos permite
refletir sobre a corrupção na política, através de uma pitada de humor
ironizada pelo diálogo entre amigos, que a meu ver, parecem ser pessoas do povo
conversando num cotidiano simples.
O sucesso do humor não
pode ser considerado obra do acaso, uma vez que a eficácia das estratégias
discursivo-argumentativas, utilizadas no discurso humorístico permite
questionarmos a plena in consciência dos sujeitos do discurso (piada).
É possível percebermos
também a presença da subjetividade, ou seja o trabalho do sujeito a partir de
outro texto, o qual há um discurso do outro, mas também o trabalho do eu, ponto
explicitado no diálogo dos dois amigos (sujeitos) em relação ao problema de saúde
do político: eles conversam sobre a saúde de Ricardo Teixeira e num tom de
ironia, mas que por vezes, parece inconsciente ou natural, colocam a
especificidade da coluna, daí então o “eu” implícito na ironia da imagem do
político, carregando nas costas um saco enorme e de dinheiro.
A heterogeneidade está
presente sob a forma de jogo, quando o sujeito deixa marcas que não deixam-nos
deixar de perceber sua presença.
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