quinta-feira, 17 de julho de 2014

Análise do discurso humorístico


Esta piada curta, mas com teor muito bom para reflexão ideológica, nos possibilita pensar acerca do processo discursivo.
Evidencia uma atitude intelectual do autor que produz texto com uma postura reflexiva e consciente.
Destacando o papel do linguista que é explicar, não o porquê do humor, mas sim, como acontece este humor, trabalhando com aquilo que os outros se divertem, analisando e descrevendo os fenômenos linguísticos no processo de criação e interpretação do texto, que provoca o riso.
Serve a uma ideologia, e os sujeitos envolvidos no discurso humorístico são tomados pela inconsciência inerente ao processo de assujeitamento ideológico, pelo qual passam todos os sujeitos do discurso.
O erro (roubo dos cofres públicos) é uma das forma mais simples de se inventar estórias cômicas.
Também destaca-se aqui um dos estereótipos , neste caso, “todo político ser corrupto”.
Temos 3 personagens (sujeitos) neste discurso (piada). Sendo que um deles é o político Ricardo Teixeira, acusado de corrupção e livre das grades da cadeia por conta de problemas de saúde, ora alegados por ele, e dois amigos que conversam sobre o político.
Percebe-se no diálogo entre os dois sujeitos (amigos), certa ironia, ao falarem sobre o fato do afastamento de Ricardo Teixeira por motivos médicos, fato este, que fica ainda mais claro, quando o segundo personagem (amigo) responde ao colega que o político afastou-se por conta de uma dor na coluna, demonstrando na imagem, o próprio Ricardo Teixeira carregando um saco enorme de dinheiro nas costas, certamente por este motivo é que doía a coluna do pobre coitado.
Esta piada nos permite refletir sobre a corrupção na política, através de uma pitada de humor ironizada pelo diálogo entre amigos, que a meu ver, parecem ser pessoas do povo conversando num cotidiano simples.
O sucesso do humor não pode ser considerado obra do acaso, uma vez que a eficácia das estratégias discursivo-argumentativas, utilizadas no discurso humorístico permite questionarmos a plena in consciência dos sujeitos do discurso (piada).
É possível percebermos também a presença da subjetividade, ou seja o trabalho do sujeito a partir de outro texto, o qual há um discurso do outro, mas também o trabalho do eu, ponto explicitado no diálogo dos dois amigos (sujeitos) em relação ao problema de saúde do político: eles conversam sobre a saúde de Ricardo Teixeira e num tom de ironia, mas que por vezes, parece inconsciente ou natural, colocam a especificidade da coluna, daí então o “eu” implícito na ironia da imagem do político, carregando nas costas um saco enorme e de dinheiro.

A heterogeneidade está presente sob a forma de jogo, quando o sujeito deixa marcas que não deixam-nos deixar de perceber sua presença.

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