quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Casaco de veludo



Noite fria a garoa cai
E lá está ele a me aquecer.
Sinto-me segura e acarinhada
O afago envolve-me com seu negro veludo.
Sinto o aroma antigo...naftalina e perfume francês
Mesclado à fumaça do cravo Gudan
Um verdadeiro frenesi da saudades.
Visto-me da tristeza dele
Embreago-me da dor da solidão 
Sob o vinho seco das lembranças.
Divago por sons, lugares e cheiros,
Momentos eternizados pelo tempo.
A visão da praça 
Em meio ao nada da escuridão
Dança como sombras na parede vazia.
O vento gelado soprava nas faces sombrias...
Perdidas almas num mundo novo e cruel,
Cheio de armadilhas sociais e mortais.
Mas nada importava senão aquele momento
Tudo era esquecido, aquecido.
Bastavam-se anjos que ali estavam perdidos.
A data ficara eternizada pelo presente oferecido
Única prova material sagrada da ausência.
Mas que para sempre, sempre estará presente
Outono, inverno e lá estará ele
Sempre lindo, austero e único:
O belo casaco de veludo.
(Pour Anna)


2 comentários:

  1. o material.
    ele vai se degradando.
    cada coisa fisica some em um tempo diferente... mas some enfim...
    e as lembranças ficam eternamente registradas.

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    1. É verdade: a matéria, material degrada-se com o tempo cruel. Entretanto quando se gosta muito de algo tenta-se mantê-lo intacto o máximo de tempo possível. O próprio casaco já foi restaurado inúmeras vezes..rsrsrs
      As pessoas também vão envelhecendo, mas estão sempre procurando se melhorar com cremes, cirurgias, enfim.
      Concordo que as lembranças são eternas até mesmo quando as partículas desfazem-se e somem no espaço transformando-se em pó.

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