O filósofo francês Michel Foucault se interessava pelo “solo
epistemológico moderno”, e pertencia à epistemologia histórica que
interroga o pensamento.
Suas ideias continuam atuais, e podem nos ajudar
a compreender os paradoxos que vivemos enquanto sociedade panóptica e
submetida a um poder subliminar, invisível.
E a partir da obra
foucaultiana que o filósofo José Ternes acentua o
paradoxo entre o sujeito singular e o sujeito de determinado momento
histórico, submetido à padronização e à normalização.
Que espaço sobra
para a liberdade?
Foucault apontava para a fabricação de uma
consciência e padrões únicos e em sua filosofia o sujeito não tem
substância, essência, mas é desnudado em sua fabricação histórica.
Por
outro lado há uma tremenda preocupação de Foucault com
a quase impossibilidade de se escapar uma normatização e normalização
cada vez mais fortes.
O corpo mensurável, objeto de saber, foi outro tópico da conversa.
O
poder antes domesticador do corpo, agora é imperceptível, e domestica a
alma, produzindo sujeitos dóceis, formatados e inofensivos
politicamente.
O tema liberdade foi recorrente em diversos momentos: “Na
verdade, é uma grande mentira a liberdade que supostamente temos.
Foucault não foi o primeiro a mostrar isso. Ele insiste que nossas
escolhas não são autenticamente nossas, mas de outros. O controle é
muito mais subjetivo e imediato do que supomos. Não se trata de um
‘grande não’ ao qual estamos submetidos. Se houve um ‘grande não’, seria
melhor, porque aí ele poderia ser identificado”.
Reflexão:
Este conceito de Foucault de fato se concretiza a cada segundo do nosso cotidiano.
Na sociedade panóptica somos vigiados desde que acordamos e saímos de nossas casas até o momento que chegamos e dormimos.
A impressão que se tem é a de vivermos num imenso "reality show" o qual o grande expectador é o Estado.
Este sistema capitalista que vigia também cria e dita normas de como devemos agir e co-agir em sociedade.
Mas a grande "sacada" que de fato temos que refletir e tomar consciência é que este mesmo Estado protetor também é incriminador e punidor, transforma indivíduos que acham estarem dentro dos parâmetros apropriados em doutores juízes e outros menos abastados em infratores e faz com que os mesmos indivíduos, da mesma origem humana se consumam como se vivessem numa sociedade canibalística.
E ao meu ver a decrição de capitalismo hoje é mais como um canibacapitalismo, pois além do consumo excessivo de bens materiais há também um consumo de poder, egoísmo, tristeza, alegria e do homem para com o próprio homem, como já disse o famoso filósofo Tomas Hobbes: "O homem como lobo do próprio homem".
Por fim somos controlados desde que nascemos até o mento de nossa morte, de todos os lados e formas.
O que fazer quanto a esta situação já que vivemos em sociedade?
Oras quem tiver esta resposta, por favor me diga.
Enquanto não a tenho, creio que tendo ao menos consciência do que acontece ao redor já é um grande passo para um despertar.
Mas a verdade é que temos muitos conceitos e filosofias sobre o controle, mas nenhuma traz como devemos agir mediante este controle e coação do sistema.
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