Noite fria, sexta-feira, lá estava aquele homem guiando seu automóvel, rumo à mais uma de tantas noites vazias.
Enquanto ouvia em seu rádio canções saudosistas, acendia seu cigarro que exalava perfume de cravo emisturando-se com o vento que adentrava pela janela e batesse em sua face enpalidecida.
Seguia um pouco mais devagar do que de costume, percebendo detalhes que deixara passar desapercebido. E eram tantos que nem ao menos ele entendia o porque não os havia visto antes: a sensação do vento batendo no rosto, o aroma do cravo misturado à fumaça, as estátuas de olhares ora ameaçadores, ora entristecidas do jardim eterno, até mesmo o lanche frio do fim de madrugada e o caminhar até a barraca, o afagar dos cabelos, o pegar nas mãos, a música clássica tocada na estação de rádio, a amizade, o carinho, o amor...
Mas o principal que aquele homem lembrou-se fora do olhar...tudo era dito e feito naquele instante: o tempo, o mundo parava, palavras eram faladas no silêncio, poemas, poesias e canções soavam na profundidade do eterno.
Se existiu um dia conceito de "eterno"?
Sim o eterno explicava-se naquele olhar.
Muitas, muitas lembranças deixadas para trás pelo tempo.
Mas pior do que isso deixadas para trás por ele próprio.
E de repente aquele homem percebera tudo.
Tudo era nada na época para ele, mas que hoje aquele nada, poderia ser tudo: o suficiente para que ele pudesse ser feliz novamente.
E deixou levar-se por lágrimas que escurecerão suas vistas, levando-o à cometer um terrível acidente.
Apagara-se num clarão repentino e sua memórias, sua vida e o pior: sua visão também naquele noite fria de outono.
(Pour Anna)
Nenhum comentário:
Postar um comentário