A ULTIMA CANÇÃO
Florença 1484
JEAN ANAEL
Ó meus lábios, vós que sóis a porta da respiração.
Selai com um beijo leal este pacto eterno que a morte me roubou...
RAPHAEL
Senhor a bengala para realizar o decreto do ritual do circulo do tempo.
Jean
Anael olha para seu amor deitada já imóvel. A toma nos braços e a
beija. Coloca um véu negro transparente sobre a sua face e deposita
sobre os seus seios um botão de rosa vermelha.
A olha com ternura e fala:
JEAN ANAEL
Que a nossa estrela vos guie pelos caminhos escuros da morte e a leve para o templo sagrado da luz.
Desdobra com sabedoria este suave véu que impede muitos de ver que a morte é passageira.
Não tema amor.
Deixa que a sombria noite venha e que a lua protetora dos amantes sirva de trilha para que um dia você retorne para braços meus.
Os que se amam na verdade tem o principio da lei que não precisam de outra luz a não ser do amor que emana de suas entranhas.
Ó noite cercada pelos mistérios para quem tem vida.
Vem!
Quando o meu dia da noite também chegar...
Entrega-me as estrelas para que eu reencontre a mulher de todos os meus dias.
Ele pega a bengala a gira 12X 7 vezes e diz:
JEAN ANEL
Eis o meu decreto!
RAPHAEL
O violino, senhor.
O MAGO
Toco para ti meu amor à metade da nossa sonata, pois o final à noite contigo levou.
Ele toca e arranca as cordas do seu violino negro
JEAN ANAEL
Essa não é a nossa ultima canção!
Como promessa deixo-te o anel da primeira pedra que quebrei.
RAPHAEL
A sua criança senhor.
O Mago a pega no colo e canta para ela a primeira canção de ninar.
Uma borboleta voa e pousa no circulo sobre o ventre imóvel de Maria.
O MAGO
Ó luz maravilhosa dos meus dias.
Me deste como presente a mais pura flor
E levaste na estrela a rosa do meu amo
RAPHAEL
Ela deixou para ti uma carta que fala sobre a ultima canção.
(Por Ruy Ribeiro Crespo Filho Ruy Crespo Filho).
 |
Tocando enquanto reflito sobre amor e morte. |
Este foi um dos últimos escritos mais belos que li nos últimos tempos.
E
confesso que custa-me acreditar que existe ainda "tal tipo de amor
verdadeiro" que não deixa a morte jazê-lo ou findálo em vida.
Só
deixo minhas lágrimas de sentimentos sinceros sobre tal sentimento tão
raro e quase inacreditável e que somente quem realmente conheceu o
verdadeiro " amor " pode descrever com tanta profundidade e veracidade.
(Por Ana Paula L.)
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário