sábado, 18 de junho de 2011

" Noite "

De noite, amada, amarra teu coração ao meu
e que eles no sonho derrotem as trevas
como um duplo tambor combatendo  no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.

Noturna travessia, brasa negra do sonho
interceptando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade de um trem descabelado,
que sombras e pedras frias sem cessar se arraste.

Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate
com as asas de um um cisne submergido,

para que às perguntas estreladas do céu
responda nosso sonho com uma só chave,
com uma só porta fechada pela sombra.
(Pablo Neruda)

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