quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

As folhas mortas - poema de Jacques Prévert

As Folhas Mortas 
Oh! Gostaria tanto que você se lembrasse 
Dos dias felizes onde nos éramos amigos 
Naquele tempo a vida era mais bela
 E o sol mais brilhante do que é hoje 
As folhas mortas juntamos com a pá 
Você vê, eu não me esqueci 
As folhas mortas juntamos com a pá 
As lembranças e os arrependimentos também. 
E o vento do norte leva-as. 
Na noite fria do esquecimento 
Você vê, eu não me esqueci 
A canção que você me cantava. 
É uma canção que é semelhante a nós. 
Você, que me amava e eu te amava. 
E nós vivíamos sempre juntos 
Você que me amava, eu que te amava. 
Mas a vida separa aos que se amam. 
Tão docemente, sem fazer barulho. 
E o mar apaga sobre a areia 
Os passos dos amantes separados 
As folhas mortas juntamos com a pá 
As lembranças e os arrependimentos também 
Mas o meu amor, silencioso e fiel 
Sempre sorri e é grato pela vida. 
Eu te amei tanto, você estava tão bonita. 
Como você espera que eu esqueça? 
Naqueles dias, a vida era mais bonita 
E o sol mais brilhante do que é hoje. 
Você era meu doce amigo 
Mas eu não tenho nenhum arrependimento 
E a música que você cantou, 
Sempre, sempre vou ouvi-la! 
É uma canção que é semelhante a nós. 
Você, que me amava e eu te amava. 
E nós vivíamos sempre juntos 
Você que me amava, eu que te amava. 
Mas a vida separa aos que se amam. 
Tão docemente, sem fazer barulho. 
E o mar apaga sobre a areia 
Os passos dos amantes separados 
Jacques Prévert

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Resiliência em momentos críticos


O significado da palavra resiliência diz respeito à capacidade que o indivíduo tem  de lidar com os problemas.
Adaptar-se às mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações diversas, como choque estresse ou algum tipo de trauma psicológico.
Há certos momentos da nossa vida que precisamos ser ainda mais resilientes, a pandemia do coronavírus que acomete o mundo atualmente, é um destes momentos.
Agora, pensando em lidar com as mudanças quando se tem bases e opções é difícil, mas menos complicado do que quando não se tem nenhuma esperança de vida, estando vivos.
Ouvi semana retrasada numa reportagem séria na Inglaterra da boca de um mendigo falando sobre sua condição de morador de rua em plena quarentena do coronavírus:
"Medo de morrer? Não tenho, porque já estou morto muito antes da pandemia..."
Então, como colocar resiliência numa pessoa que sobrevive nestas condições subumanas?
Hoje mesmo pela manhã, enquanto dirigia de volta pra casa, olhei ao meu redor, e no próprio semáforo um destes pedintes com a placa dizendo: "Estou com fome, me ajuda a comer" - triste.
A preocupação nossa, trabalhadores, que temos casa, carro, família é de manter nossos empregos para conseguir pagar as contas, viver melhor, passear, e nesta momento nos proteger da pandemia, mantendo isolamento social, usando máscaras e álcool gel, e para estas pessoas que não tem onde morar, não tem um transporte e portanto, menos ainda um trabalho ou profissão, como poderão proteger-se deste vírus?
Então voltei nestes vinte minutos de trajeto o meu pensamento na fala daquele mendigo inglês, alegando não ter medo da morte porque já estava morto há muito tempo...
Basicamente é nesta situação que tantas pessoas vivem nas grandes cidades como São Paulo, não passam de zumbis esquecidas pela sociedade e que apenas lembraram-se agora, porque o mundo parou, ainda que parcialmente, mas parece ter chacoalhado muitos.
Não sou socialista ou qualquer outro termo similar, apenas venho neste manifesto, expressar o quanto somos vulneráveis perante a vontade suprema, e que numa hora como esta, não existem ricos ou pobres, apenas seres humanos à mercê de algo desconhecido.
Onde entra a resiliência afinal???
No meu caso, conseguir lidar com tanto egoísmo, traições, preocupações em meio a tantos humanos desumanos e repensar atos para me melhorar internamente, eis o meu maior exercício desta palavra.
Creio que para as pessoas, e que são muitas que passam por necessidades econômicas e sociais, apegar-se na fé própria e em Deus, se reerguer e lutar...aproveitar tantos cursos gratuitos, ajudas deste momento e renascer das cinzas, como fênix, daí está a inserção maior da palavra resiliência.
Toda crise é ruim, mas serve como um soco bem dado para ou você morrer de vez ou ganhar uma nova vida.
Sejam portanto, resilientes!

Por: Ana Paula Lacalendola


Analogia e reflexão sobre: Vampiros e humanos - comer a mesma coisa a vida inteira é chato?


Em primeiro lugar, quero explicitar aqui,que segue abaixo reflexão sobre uma fala humana em analogia aos vampiros, especificamente à série francesa "Vampiros". Como sempre, aquilo que escuto, guardo bem e analiso durante um tempo, levando em consideração a pessoa em si, modos, costumes, características, não sei se bom ou ruim, mas faz parte de uma das minhas características enquanto literária que sou.
Mas enfim,pensando na fala: "Deve ser muito "chato" comer sempre a mesma coisa a vida inteira..."
Óbvio, que como como ser humano que sou, veio-me à mente a troca de vantagens: oras, por um lado come-se sempre a mesma coisa a vida inteira, contudo ganha-se a vida eterna.
Mas daí a resposta de que a vida eterna poderia ser uma maldição, uma vez que apenas aquele amaldiçoado viveria eternamente, enquanto pessoas queridas envelheceriam e morreriam no decorrer do tempo, trazendo-lhe dor e sofrimento...então parei e pensei um pouco, mas há uma opção: ou a solidão ou também poderia ser escolhido um companheiro ou companheira que poderia assim como o amaldiçoado, trilhar o caminho da vida eterna juntos, então seria mais amena tal caminhada. Pronto, apesar de parecer demasiadamente egoísta, eis uma solução para maldição da vida eterna, pelo menos em partes.
Resolvida esta questão, a parte de "ser chato comer a mesma coisa a vida toda", pensamento de alguns que não conseguem ainda perceber os pequenos, mas tão únicos detalhes da vida.
Explico fazendo uma breve analogia aos amantes do chocolate por exemplo: não seria maravilhoso comer só chocolate a vida inteira?
Então, o sangue é para os vampiros a verdadeira essência dos deuses, explicando para os seres humanos, aquilo que lhes traz mais prazer, simples assim.
Ocorre que poucos conseguem enxergar com os olhos do coração, muitas vezes estão longe dos homens, que se chateiam com rotinas iguais, mesmas comidas, mesmos lugares,mesmas mulheres, mesmos homens.
Infelizmente, a humanidade está tendo que passar por tantas agruras,para poucos virem o quanto o amor ao próximo é fundamental para nossa existência. Mesmo assim, o egoísmo, vaidade, ganância, têm falado mais alto.
Consegui chegar neste ciclo de amadurecimento e hoje sei o quanto cada momento de risos, conversas, lágrimas, abraços e beijos são importantes, e jamais deixo-me levar por atordoamento mental do momento, renegando-me ao que existe, mas só para poucos que acreditam e vivenciam a vida no amor e na verdade: vida eterna, e sim, como é maravilhoso poder alimentar-se a vida toda da mesma coisa...do mesmo chocolate, do mesmo vinho, do mesmo amor.
Ser vampiro afinal, não é uma maldição, mas sim uma benção, pois o sangue e o amor eterno são fundamentais para todo o sempre.
Ser humano afinal, não é uma maldição, mas sim uma benção, pois amar ao próximo como a ti mesmo é fundamental para o homem voltar a ser de fato humano.

Por: Ana Paula Lacalendola


sábado, 28 de março de 2020

O Corvo - de Edgar Allan Poe



Sensacional esta animação...
Ótima para introduzir na literatura pré-adolescente.

Abraços,
Ana Paula

quinta-feira, 26 de março de 2020

Iluminismo contemporâneo



Sabemos que a situação é grave, pois envolve milhares de vidas no mundo todo que correm risco de iminente face a um vírus batizado como COVID-19 ou Coronavírus.

Contudo há de se ter cautela, uma  vez que envolve muitas outras questões econômicas, sociais e políticas.

Não deve ser fácil para um líder direcionar tamanho problema, portanto temos de ter paciência e tentar pensar não só com o coração, mas também com a razão: trata-se de um momento atípico.

Para aqueles, que como eu, estão vivendo este  momento de pandemia no qual temos diversas situações e pessoas agindo e respondendo de formas diferentes, uma fator é comum a todos: o medo.

E este medo que nos acomete é não só de adoecermos fisicamente, mas também de vermos nossos entes queridos, amigos, filhos, avós, pais, mães, maridos, esposas serem levados por esta doença tão pequena, mas de proporções tão grandes e desconhecidas até a morte.

Tenho lembrado constantemente nestes dias de quase quarentena, dos tempos passados, estou falando de um ano atrás em que assistia filmes de ficção apocalípticos e até mesmo de zumbis e que parecia tão distante de uma possível realidade, mas que hoje, exatamente do dia 23 de março de 2020,parece tão real e possível e fato: está acontecendo, a ficção tornou-se realidade.
 Certamente que cineastas e roteiristas dirão que sempre imaginaram que um dia poderia acontecer um surto pandêmico ou algo do gênero afetando o mundo, porém até mesmo para estes entendidos do assunto a vida real é bem mais assustadora.

Penso que ao fim deste processo de tantas agruras e dificuldades, alguns sairão mais fortes,outros surtarão e infelizmente uns nem irão sobreviver para contar história.

Chego a pensar que algo superior a força do homem gritou: chega! 

Então o mundo teve que desacelerar obrigatoriamente: grandes centros urbanos com pessoas indo e vindo de seus trabalhos, sem tempo para família, sempre pensando em trabalho e mais trabalho para poder pagar contas e dar uma vida melhor para os seus. Mas parem pra pensar...dinheiro e mais dinheiro servindo para pagar contas, para ter uma vida melhor, contudo muitas vezes, sem tempo para usufruir de suas conquistas.

Quantas e quantas vezes, deixei de ir num encontro "chato" de família, coisa de uma, duas horas do meu sábado ou domingo, porque tinha que trabalhar em casa ou ir ao mercado, enfim. Quantas e quantas vezes?

Pois é, tem duas semanas que não posso ver meus pais, avó e filho pessoalmente, dar um abraço, um beijo.

Confesso que chorei ao telefone, quando vi minha vozinha de 83 anos chorando de saudades, meu filho, minha mãe, meu pai. Até o coração mais duro, bate forte e com a culpa pesada dos tempos modernos.

E aí volto, o mundo teve que parar, para perceber o quanto estamos agindo errado. Não estou dizendo, longe de mim, que trabalhar é errado, mas que devemos priorizar sentimentos, pessoas que amamos e principalmente, que nos querem bem.

É lógico que existe por aí pessoas que quando podem não estão juntas porque simplesmente não quem ou preferem a companhia de outras, a estes não adianta lástimas, até porque nem existe este apreço, então por favor, não seja um falso moralista!

Há também aqueles que fizeram parte de sua vida no passado, brincaram com teu sentimento e teu respeito, e repentinamente resolvem ressurgir dos mortos para perturbar a sua vida...então, mais uma vez, peço ao homem de boa fé: cautela!

Este é um momento de transformação, que devemos prestar ainda mais atenção para aqueles que estão do nosso lado, ainda que não fisicamente, mas que no coração, na alma, que verdadeiramente querem de fato nosso bem. Devemos valorizar cada detalhe de cuidado, cada gesto de carinho do outro que se preocupa conosco. 

A vaidade, beleza estética é ponto importante para o ser humano? Claro que sim. Mas não deve ser maior do que a essência do respeito e do amor verdadeiro.

Paixões passam, o amor fica.

Com o tempo as pessoas hão de entender o que estou falando...mas só o tempo que traz consigo rugas e cabelos brancos, as farão entender.

Contudo, o isolamento social tem este lado bom que é o de parar e pensar em quem eu sou, como estou agindo e o que deixarei de bom neste mundo: quero deixar boas ações e boas lembranças naqueles que me amam e que eu amo ou quero deixar minha imagem linda mas de mau caráter?

Devemos rever o nosso papel social mas sobretudo espiritual.

Não é fácil conseguir lidar com tantas coisas disponíveis neste mundo atual...a falsidade, a imoralidade, entram online através de sites sociais, whatsapp, celulares, entre outros meios. Mas temos que ter firmeza de coração, de caráter e pensar naquilo de bom que somos e conquistamos.

Sou grata a vida pelo ser humano íntegro que sou hoje, mas ainda erro muito comigo mesma, sabendo que preciso melhorar. 

Mas creio que com o próximo, consegui chegar no que queria: integridade completa e inquestionável.

Ao fim desta pandemia, penso que como em fatos históricos passados, chegaremos numa espécie de Iluminismo contemporâneo.

Outrora quando houve o surto da peste negra dizimando milhares e milhares de pessoas e que durou um bom tempo teve sua finalização então a época negra foi iluminada, com novas tecnologias para época, novas formas de organizar a sociedade, nova mentalidade das pessoas.

Desta forma acredito que este momento histórico do qual fazemos parte, também passará ainda por momentos difíceis de diversas maneiras, mas que ao fim teremos um aprendizado.

Espero poder contar esta história para outras pessoas no futuro e dizer a elas como enfrentamos tudo e tivemos sucesso.

Este foi um desabafo, mas também um alerta para que as pessoas reflitam que ações geram reações, portanto cuidem de quem vocês amam.






Por Ana Paula Lacalendola

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Poema: Pour mon Passion


O cinza sombrio deste dia chuvoso
Perpetua-se hoje em meu âmago.
Enquanto lhe tinha como honroso dirigente,
Das minha idas e vindas, outrora latentes,
Por caminhos breves, porém tortuosos desta cidade tão doente.
Até mesmo quando caíamos juntos
Nos profundos buracos do descaso e da solidão,
Deixávamos soar um grilar pneumático 
Somado ao desabafo choroso e doído
De um sistema precário e falido.
Mas sempre e sempre unidos, ainda que aos prantos e ruídos...
Hoje porém, nesta singular quarta-feira de cinzas,
Tive que deixá-lo, ali, solitário, no limbo mecânico da dor.
Cabisbaixa e em lentos passos retornei à nossa morada.
Senti-me como que um pássaro quando corta-se as asas impedindo-o de voar.
Então vaguei até a varanda deixando gotejar em minha face triste...
Observando o seu lugar vazio, alagado pela água da chuva,
Misturando-se por vezes, às minhas lágrimas, preocupadas por ti, mon Passion.


(Poema escrito por mim Ana Paula Lacalendola em 26/01/2020)